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Foto do escritorTião Maniqueu

A INVASÃO DO CAPITÓLIO E O PARALELO COM O BRASIL

O silêncio do Planalto fala muito alto e denuncia as intenções de Bolsonaro.



Imagem de 1778011 por Pixabay



É com profunda tristeza que assistimos o terrível espetáculo da invasão do Capitólio, em Washington. O Capitólio é a sede do Congresso norte-americano. A violenta invasão, incentivada pelo Presidente Donald Trump, surge como fato inédito na mais antiga democracia do mundo. Justamente por ser a mais antiga e consolidada democracia do mundo, tentativas autoritárias contra as instituições norte-americanas são de lamentar pelo mundo inteiro, ao menos pelas pessoas que carregam na alma a democracia como valor inegociável.


O fato é tão grave, tão perigoso em suas múltiplas perspectivas, que as instituições norte-americanas deveriam dar resposta à altura. Trump deve ser pessoalmente responsabilizado pelos danos, pelas mortes, pelas ameaças à estabilidade. Todas as pessoas identificadas - por muitos vídeos disponíveis - deveriam ser presas e processadas. Por sinal, basta olhar as imagens… só há brancos e jovens. Está claro, pois, que se trata de supremacistas brancos, o que há de pior na extrema direita.


Em verdade, o que Trump pretende é preparar seu retorno em 2024. Se os republicanos serão covardes e irresponsáveis de permitir isso, o tempo dirá. Com o acirramento da divisão na sociedade americana, tudo é possível. Paralelamente, Trump busca blindar-se dos inúmeros processos que deve responder após deixar a Casa Branca. A começar por múltiplos processos de sonegação fiscal, bem como suas espúrias relações com a Rússia.


O mundo inteiro, ao menos as democracias, condenaram com veemência a violência que ocorreu em Washington. No Brasil, houve declarações fortes de Alcolumbre - Presidente do Senado, Maia - Presidente da Câmara dos Deputados, Barroso - Presidente do Tribunal Superior Eleitoral e outras autoridades. Bolsonaro ficou calado. O Itamaraty simplesmente silenciou. O que isso quer dizer? O QUE ISSO QUER DIZER?


Não se exige perspicácia para entender. Sequer muito conhecimento ou informação. Bolsonaro continua preparando-se para uma tentativa de impor uma ditadura em nosso país, aquilo que seria o pior quadro possível: a ditadura do clã Bolsonaro.

Bolsonaro sempre foi um seguidor de Donald Trump. Mais que isso: sempre foi um sabujo de Trump. Também aqui ele tenta pavimentar sua permanência ilimitada no poder. Basta ver os sinais: ataques diários à imprensa livre; ataques ao sistema eleitoral, lançando dúvidas sobre a lisura do processo de eleições eletrônicas; liberação de armas para a população no que seria o embrião de milícias armadas; tentativas de aparelhamento do Estado, o que já fez mediante a indicação de Augusto Aras para a Procuradoria da República, de Kassio Nunes Marques para o Supremo Tribunal Federal, de Ramagen para a ABIN e da constante tentativa de dominar a Polícia Federal.


Em 2022 haverá eleição para Presidente do Brasil. Como Trump, Bolsonaro já iniciou de muito tempo a semear a dúvida, a violência e a discórdia no povo brasileiro, afirmando que o pleito pode ser fraudado, que a vontade popular pode ser desvirtuada. Ou seja: se Bolsonaro perder as eleições - o que, convenhamos, é bem possível, tendo em vista o seu desastroso desgoverno - não irá reconhecer o resultado das urnas, tal como Trump fez.


Não é preciso ser nenhum gênio da análise política para perceber que há claro paralelo entre o que ocorreu nos EUA e o que pode vir a ocorrer no Brasil. A diferença está na solidez das instituições: lá as instituições são fortes, consolidadas em mais de dois séculos de democracia; aqui, as instituições ainda são frágeis, em nossa nascente democracia de 35 anos.


Por tudo isso, é preciso gritar. Gritar que o silêncio do Planalto é tremendamente eloquente. Assustadoramente eloquente. Gritar para que a imprensa séria não seja intimidada; para que o Congresso não seja vilipendiado; para que o Supremo Tribunal Federal seja respeitado; para que o Estado brasileiro não seja aparelhado. Gritar para barrar a sanha violenta e autoritária do pior Presidente que já tivemos. Tal qual Donald Trump foi o pior Presidente que os EUA já tiveram.


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