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Foto do escritorTião Maniqueu

AFASTAR A AMEAÇA

Dentro da legalidade, é preciso afastar Donald Trump da política.


Imagem de Koperica por Pixabay



Iniciou no senado norte-americano a apreciação do segundo processo de impeachment do agora ex-presidente Donald Trump. O milionário sonegador conseguiu, assim, uma façanha: é o único presidente a enfrentar dois processos de impeachment.


Claro, isso não é sem boas razões. Desde o início de seu desastrado mandato Trump afrontou as instituições livres e, atacando-as, ameaçou a democracia. Ameaçou a maior e mais antiga democracia do mundo. Trump buscou aparelhar o Estado, colocando pessoas obedientes em cargos-chave; Trump afastou os EUA dos organismos internacionais de cooperação na luta pelos direitos humanos, pelo meio-ambiente, pela cooperação econômica, pela solidariedade com os países menos desenvolvidos; Trump buscou desacreditar o sistema eleitoral e atacou a imprensa livre.

Não foi pouca coisa. É assustador saber que, a despeito de tudo isso, 70 milhões de americanos votaram nele. Será preciso um profundo estudo sociológico para explicar este fenômeno. Certamente tal estudo passará pelas implicações da influência das redes sociais sobre pessoas mal informadas, pessoas capazes de engolir qualquer bobagem, do terraplanismo ao QANON. Há que se estudar, igualmente, as origens de tudo isso: será o sistema educacional norte-americano tão pobre que não consiga instrumentalizar as crianças com o pensamento lógico e ponderado? Será que não damos conta de oferecer análise crítica aos nossos estudantes, para que, adultos, tomem decisões como cidadãos responsáveis?


Afastar Donald Trump definitivamente - dentro do devido processo legal - e fazê-lo responder por todos seus crimes, é crucial para salvaguardar a democracia. Do contrário, todo autoritarismo, todo movimento radical, todo extremismo e preconceito, sentir-se-á fortalecido e autorizado a continuar praticando violências. Não se pode dizer, ainda, se os republicanos vão criar juízo e perceber que Trump passou todos limites, não apenas pela invasão do Capitólio, mas pela somatória de tudo que fez. Veremos...


Como o Brasil imita os EUA, aqui consumimos com atraso tudo que se consome lá, em breve enfrentaremos os mesmos problemas. Tudo que Trump fez, Bolsonaro faz. Ele segue a cartilha trumpista à risca e certamente colocará a democracia brasileira sob grave ameaça em 2022. Nossas instituições, contudo, não têm o vigor das instituições dos Estados Unidos da América. Devemos nos empenhar ao máximo pelo fortalecimento dos mecanismos que protegem a democracia e suas instituições essenciais: Parlamento, Justiça, Ministério Público e Imprensa Livre. Resta ver se nossa democracia, jovem e frágil, suportará o ataque.


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