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ANDOR


Nunca o Império foi tão opressivo.



Imagem de Disney Plus.


Para os fãs do universo Star Wars as fórmulas são simples: Um Jedi, com uma missão a cumprir. No curso de tal cumprimento, enfrentar o lado negro da força. Isso inclui encarar dezenas de stormtrooppers disparando e rebater seu tiros com um sabre de luz, cruzar ambientes hostis e, claro, duelos de sabres de luz. São receitas um tanto manjadas, um tanto infantis, mas que funcionam. Geeks e nerds do mundo inteiro vibram e aplaudem e dão retorno de bilheteria. É assim, com um pouco mais ou menos de sofisticação, em todos os filmes do mundo Starwars, bem como nas séries da Disneyplus que exploram este universo ( Mandalorian e Ashoka, por exemplo ).


Andor, contudo, é radicalmente diferente. Nesta série não há Jedis ou sabres de luz. As forças do Império são cruéis e letais. A história gira em torno de opressão, conspiração, espionagem e rebelião. O herói improvável - Cassian Andor ( Diego Luna ) - é procurado por matar dois agentes da repressão e aceita envolver-se numa missão arriscada para roubar milhões do Império motivado por dinheiro.


Não há maniqueísmo algum. Os rebeldes tem suas fraquezas e tomam decisões questionáveis. Os agentes da repressão tem emoções e também sofrem a opressão do sistema. Políticos envolvem-se com a rebelião equilibrando-se em uma corda bamba. Em nenhuma outra história do universo Star Wars você sente a opressão do Império com tanta intensidade, a vida segue numa atmosfera sufocante de repressão e desconfiança. Palpatine é apenas citado - jamais aparece - mas é uma presença constante na burocracia, na administração das forças, na repressão organizada meticulosamente e nos porões da ditadura onde a tortura surge em formas inusitadas.


Nos doze episódios da primeira temporada o expectador vai da quase suicida missão para roubar milhões dos cofres do Império até a rebelião civil em Ferrix - uma comunidade industrial extremamente reprimida onde a história se desenvolve - passando pelas prisões da asfixiante ditadura do Império. Em tudo há a condução de Rael ( magistralmente interpretado por Stellan Skarsgard ), o líder da rebelião naquele canto da galáxia.


Direção e elenco vão muito bem. O roteiro é inteligente, instigante. Conduz os expectador nos caminhos do protagonista, que cresce à medida em que a trama avança. Impossível não sorrir, com o canto dos lábios e um sabor amargo, quando Andor é preso arbitrariamente e julgado de forma ainda mais arbitrária para ser lançado num sistema penitenciário impensavelmente opressivo.


Num mundo polarizado como o nosso, em que a exclusividade do branco ou do preto deixam tudo cinza, em que a ditadura é semeada diariamente em redes sociais, Andor é uma série extremamente significativa. Merece ser vista. Paradoxalmente, não é um sucesso e talvez não tenha sequência. Provavelmente porque foge às receitas que agradam os fãs de Star Wars. Não há mocinhos. Não há Jedis. Apenas a opressão sufocante do Império. Não perca.




Andor - 2022, EUA, série em 12 episódios de cerca de 60 minutos, Disney+.

Gênero: Aventura, universo Star Wars.

Direção: Ben Caron, Suzana White e Tobi Haynes.

Elenco: Diego Luna, Stellan Skarsgard, Adria Arjona, Faye Marsay, Fiona Shaw e ótimo elenco.

Roteiro: Tony Gilroy, Beau Wilimon, Dan Gilroy e Stephen Schiff.

Adjetivos: Inteligente, envolvente, surpreendente.

Recomendação: Para fãs de Star Wars e qualquer um que goste de uma aventura inteligente.

Nota: 9


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