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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

APRENDER A USAR A FERRAMENTA


Republicando



Ou capacitar as pessoas a usá-la?

Imagem de Pete Linforth por Pixabay


Se, hipoteticamente, colocássemos uma metralhadora à disposição de uma horda medieval, é certo que os guerreiros dizimariam uns aos outros até esvaziar o pente. Se alguém, absolutamente leigo, tentasse decolar com um avião de grande porte, certamente destruiria o aparelho, sua vida e de centenas de outras pessoas. Máquinas e ferramentas são úteis, mas exigem conhecimento e responsabilidade.


É incrível e estarrecedor, mas justamente quando dispomos de informação em níveis jamais vistos, as pessoas nunca estiveram tão mal informadas. Quando era menino, minhas pesquisas escolares estavam restritas às enciclopédias e livros científicos em bibliotecas. Hoje a internet põe o mundo das ciências na tela do estudante.

Contudo, mesmo dispondo de informações em patamar, variedade e amplitude jamais vistas, as pessoas nunca chafurdaram em tanta ignorância. Os conceitos mais estúpidos, as histórias mais bizarras, as maiores estultices são compradas como verdade por pessoas boquiabertas e mentes fechadas. Teorias da conspiração, fake news, bobagens de toda sorte, a tudo a rede abriga.


Tomemos as vacinas como exemplo. Nas décadas de 70 e 80 as pessoas, sobretudo no Brasil, confiavam plenamente no valor das vacinas. Sabiam que vacinação em massa era a melhor política pública de saúde para enfrentar inúmeras doenças. As pessoas atendiam às campanhas de vacinação pública felizes e sorridentes. As mães levavam seus filhos pequenos aos Postos de Saúde para não deixar falhas em suas carteiras de saúde. Hoje, contudo, pululam teorias da conspiração contra as vacinas, no Brasil e no mundo inteiro. E hoje, infelizmente, as nações do mundo têm dificuldade em atingir percentuais mínimos de vacinação de suas populações contra a COVID-19. 50%, 60% da população são índices de difícil atingimento porque as pessoas temem aquilo por que deviam ansiar.


Por outro lado, políticos obscuros, desprovidos das qualidades mínimas para ocupar um cargo público, brotam nos quatro cantos do mundo como cogumelos em floresta. Se houvesse um critério racional e inteligente para avaliar os líderes mundiais, atingiríamos atualmente as piores médias, graças a certos indivíduos que governam mundo afora.

Tudo isso ocorre por conta da internet, do seu alcance e capilaridade, do seu absoluto descontrole. A rede ainda é um palco que serve a cientistas e a malucos. É preciso dizer: a culpa não é da ferramenta. Se um homem pega um machado para rachar o crânio de um desafeto, a culpa não é do machado. O machado continua sendo uma ferramenta útil que não precisa ir para uma fogueira. Mesmo uma pistola - cujo propósito é ferir - pode ser útil se empunhada por uma mão preparada e responsável. Com a internet se dá o mesmo. A internet precisa de responsabilidade e regulação.


Certamente, atingiremos em dado ponto, o equilíbrio legislativo e o preparo das pessoas para poder lidar com a rede de informações um dia surgirá. Educação foi, é e será o fator primordial para uma sociedade justa, plena e consciente. Até lá teremos que conviver com lobisomens, ditadores e teorias da conspiração.


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