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Foto do escritorTião Maniqueu

ARROGÂNCIA & SUBSERVIÊNCIA

Quanto mais arrogante um pessoa for, mais subserviente será...


Imagem de Mylene2401 por Pixabay


Recentemente fomos brindados com a triste - e por que não dizer, patética - demonstração de arrogância de certo desembargador do Estado de São Paulo, na vã tentativa de intimidar um policial municipal que estava no estrito cumprimento de seu dever. Multado por estar caminhando em via pública sem máscara, conforme determina a lei local, o desembargador ligou para o Secretário Municipal de Segurança, chamou o policial de analfabeto, passou um carteiraço de desembargador e ainda assim foi multado. Como última manifestação de desrespeito, rasgou a multa em frente ao policial.


Desembargadores deveriam ser, em tese, pessoas do mais alto domínio das questões jurídicas. Supostamente são pessoas de conhecimento elevado, que devem dar exemplo à sociedade de civilidade e do princípio fundamental que reza sermos todos iguais perante a lei. Poderíamos questionar o sistema que permite um cidadão como este atingir um cargo tão alto na magistratura estadual, mas por hora vamos ficar com o fenômeno tipicamente tupiniquim: o carteiraço, o sabe com quem está falando?


Em verdade, não há nada mais arrogante que esta frase. Ele traz consigo toda uma sorte de preconceitos e inferências. Listamos algumas:

  • Eu sou melhor que você;

  • Sou um cidadão de primeira classe, já você…

  • Você vai se dar mal por mexer comigo;

  • Você é mais pobre que eu, logo inferior…

  • A lei não é igual para todos.

É incrível como autoridades podem ser arrogantes. Na classe jurídica - quando envolve magistrados - dizemos que os arrogantes sofrem de magistratite - uma condição doentia qualquer que os leva ao comportamento pouco educado. Ao longo dos anos percebi uma triste verdade. As pessoas arrogantes têm tendência de serem subservientes com os superiores. Quanto mais uma pessoa é arrogante com aqueles que julga inferiores, mais subserviente será com quem julga superior.


Nosso Presidente é um triste exemplo disso. Difícil imaginar uma pessoa mais arrogante. Sobretudo quando julga tratar com pessoas inferiores - o que na doente visão preconceituosa de Bolsonaro podemos ler mulheres, negros, gays e qualquer um que não compartilhe seus valores - o Presidente deu mostras de extrema arrogância. Há dezenas de exemplos na web, basta pesquisar.


Contudo, quando se trata do Presidente norte-americano Donald Trump, nunca vimos um Presidente brasileiro tão subserviente. Bolsonaro porta-se como um cão obediente, um sabujo sempre pronto a seguir o caminho apontado pelo seu mestre. A última sabujice foi o alinhamento com o governo norte-americano nas exigências contra a China perante a Organização Mundial do Comércio.


Trata-se, simplesmente, de mais um tiro no pé, embora o sabujo continue abanando o rabo para seu dono. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, essencial para o setor do agronegócio e para a aquisição de commodities minerais. Todos economistas afirmam que é insensato comprar uma briga com os chineses apenas para adular o Presidente Trump. Até porque, em diversas ocasiões, o Presidente norte-americano provou que não há qualquer reciprocidade nesta relação desigual ( vide episódio OCDE, restrições a brasileiros nos EUA, compra de equipamentos e vacinas na pandemia, etc ).


Outro exemplo de comportamento insensato atinge a Embraer. A empresa corre o risco de não fechar um negócio milionário, que a salva temporariamente da extinção, apenas porque o Brasil tem que se alinhar aos EUA no que diz respeito ao Irã.


Poderíamos entender, até respeitar, se este posicionamento em relação à China fosse fruto de uma ponderada decisão de não prestigiar países autoritários. Mas, acorda… É Bolsonaro. Alguém que já se pronunciou a favor de ditaduras inúmeras vezes. Então é isso. Subserviência pura. Sabuja subserviência canina. O arrogante é subserviente e vice-versa. Quanto mais arrogante, mais subserviente será. Como estamos constatando, para prejuízo do Brasil.


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