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CONSEQUÊNCIAS CATASTRÓFICAS


Tudo de ruim que pode advir do atentado contra Donald Trump.


Imagem de Agência Brasil - EBC.



Nada poderia ser pior para a democracia mundial que este atentado contra a vida de Donald Trump. O ato em si é fruto de muitas coisas, da facilidade com que se adquire uma arma nos EUA ao radicalismo de um jovem mal definido politicamente, passando pela forte rejeição de Trump e até pela sociedade de espetáculo norte-americana. As consequências deste atentado, contudo, serão graves, podendo ser até catastróficas.


A primeira consequência é óbvia: Donald Trump está eleito. Não bastasse um Biden agarrado ao seu orgulho e senilmente incapaz de abrir espaço para uma candidatura democrata viável, agora a candidatura de Trump recebe um apoio inquestionavelmente vitorioso: a solidariedade popular. Trump, do alto de sua rejeição, não tinha isso. Agora, como ocorre com todo candidato vitimizado, tem a simpatia/solidariedade popular. É um efeito transitório, mas duradouro suficiente para assegurar sua vitória. Aqui, no Brasil, Bolsonaro foi favorecido pelo mesmo efeito. Após a facada tornou-se imbatível a curto prazo.


Por outro lado, se havia chance da impugnação à candidatura de Trump por alguma decisão judicial, agora não há mais. Objetivamente, não faltam motivos para barrar sua candidatura. O ataque ao Capitólio é apenas o mais evidente e clamoroso deles, afinal o sujeito indiscutivelmente atacou a democracia americana e é incrível que possa sair impune disso. Mas ocorre que também a justiça americana é refém do efeito da comoção popular e, pelo menos por um período de tempo, Trump recebe a injeção de uma imunidade temporária aos efeitos da justiça.


Outra gravíssima consequência é o aumento da polarização. Se o homem já tinha seguidores fanáticos, pessoas que acatam todos seus atos sem questionar, milhões de lobotomizados para quem todos seus crimes e mau comportamento parecem absolutamente invisíveis, agora tem ainda mais e mais radicais seguidores. Ganhou uma aura messiânica, o sinal do mártir. Aquela balela do homem que enfrenta o sistema, por mais estúpida que seja, resta fortalecida. Eu mesmo já recebi um vídeo onde o cidadão indaga por que afinal tentaram matar Trump e Bolsonaro? E claro, responde: porque eles enfrentam o sistema. Ninguém nunca explica qual é o sistema que eles enfrentam... certamente não é o sistema financeiro, ou o capital, sequer as esferas de poder ou mesmo o crime organizado ( pois estes, em sua maioria, já estão com eles ). Talvez o sistema que enfrentam é o sistema democrático... Mas essa balela agora ganha força entre mentes que não raciocinam.


A pior consequência, contudo, pode ser a queda da própria democracia americana. Não estou seguro de que a democracia americana possa resistir a mais um governo Trump. Sabe-se que hoje os golpes são dados de dentro para fora. Não se toma mais o poder com tanques nas ruas. Toma-se por dentro, minando as instituições. É um golpe insidioso, que exige tempo e habilidade, porém extremamente eficiente. Já ocorreu na Rússia, na Venezuela, na Hungria, na Bielorrússia... Toma-se o poder por dentro, lenta e eficazmente. Tanto Trump quanto Bolsonaro seguiram este caminho, mas não tiveram tempo de completá-lo. Como disse, há uma fórmula a seguir e esta fórmula requer tempo. O caminho exige que se dê os seguintes passos:


  • Desacreditar o Congresso Nacional;

  • Desacreditar a imprensa livre;

  • Lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral;

  • Tomar conta do Supremo Tribunal Federal;

  • Cooptar as forças armadas e as forças de segurança;

  • Fazer campanhas de fake news nas redes sociais.


Se estes passos forem concretizados, o ditador irá se manter no poder sem recorrer aos tanques e à violência, mudando o jogo a seu favor. Irá assegurar quantas reeleições sejam necessárias, vencerá os pleitos barrando a candidatura de oponentes viáveis ou mesmo tomando conta da Justiça Eleitoral. Calará a oposição na imprensa independente e tomará conta dos tribunais superiores pela indicação de nomes confiáveis.


No passado, os maiores e mais cruéis ditadores que a humanidade conheceu surgiram como figuras que enfrentavam o sistema. Hitler, Stálin e Mussolini foram pessoas que se diziam idealistas enfrentando o sistema. Deu no que deu...


A queda da democracia americana seria um efeito catastrófico. Goste o leitor ou não do sistema americano ( sua sociedade de consumo, sua sacralização do dinheiro, sua apologia ao sucesso e à fama ), fato é que a democracia americana, por ser a mais antiga do mundo e por estar dentro da principal potência mundial, é fator de equilíbrio mundial. Ainda que os americanos sejam hipócritas ao ponto de apoiar os ditadores que lhes interessam, a mera existência da democracia americana é vital para a democracia mundial. Uma ditadura nos EUA teria consequências inimagináveis, catastróficas, cataclísmicas.


O maluco que deu um tiro na orelha de Donald Trump deu margem a tudo isso...

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