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Foto do escritorTião Maniqueu

CPI DA COVID

É hora dos criminosos responderem por seus atos e omissões.

Imagem deJL GporPixabay


A CPI da Covid - provavelmente a Comissão Parlamentar de Inquérito mais importante da Nova República - foi devidamente instalada. Ao que tudo indica será uma CPI independente. O Presidente ainda não foi escolhido, embora provavelmente seja o Senador Omar Aziz ( PSD/AM ). De maneira surpreendente, é um nome bem recebido tanto pelo Planalto como pela oposição. O que isso significa?

Na visão do Planalto, Aziz é um moderado que tende a focar ações no seu estado natal, o Amazonas. Na visão da oposição, Aziz é um moderado que fará um trabalho técnico e independente. Todos concordam, portanto, na sua moderação. Convenhamos, uma virtude muito apropriada ao Presidente de uma CPI.


Para relator, embora não confirmado, tudo indica que será escolhido o Senador Renan Calheiros ( MDB/AL ). Este, ao contrário, é nome que o Planalto não recebe bem. O passado de Renan Calheiros indica que ele não é o mais confiável dos políticos, o que sugere que o Planalto poderia manobrá-lo usando armas espúrias. Entretanto, Renan está ressentido com o governo federal, ansioso por voltar aos holofotes e dificilmente perderá a oportunidade de oxigenar sua carreira política. Para isso, contudo, precisa fazer um trabalho sério.


Se o trabalho for realmente sério - o que a nação espera e exige - Bolsonaro estará em apuros. Afinal, a gestão do governo federal no enfrentamento à pandemia foi, no mínimo, desastrosa e culposa; no máximo, foi criminosa e genocida. Não é improvável que o ponteiro final do relatório aponte para o máximo. E a participação do Presidente no que seria considerado criminoso e genocida é indiscutível:


  • substituiu, em meio à pandemia, um Ministro que fazia seu trabalho adequadamente ( Mandetta ) por um general sem qualquer conhecimento em saúde pública ( Pazuello ). A efêmera passagem de Nelson Teich, interpondo-se entre os dois, apenas acentua a impossibilidade que um técnico percebeu em fazer um trabalho sério face às imposições do Planalto;

  • não assumiu o papel que cabe aos líderes nacionais, utilizando a Rede Nacional de Rádio e Televisão para orientar, estimular e consolar a população; ao contrário, fez o papel inverso. Em suas lives espalhou fake news, minimizou a gravidade da pandemia e estimulou a desobediência civil às instruções sanitárias;

  • causou, inúmeras vezes, aglomeração pública, desfilando reiteradamente sem usar máscara. Este comportamento insuflou significativa parcela da população a fazer o mesmo, o que decisivamente contribuiu para o fracasso das medidas de restrição e o agravamento exponencial da pandemia;

  • gastou milhões em recursos públicos com medicação inadequada, o malfadado Kit Covid. Tais recursos poderiam ser empregados na compra de vacinas, IFA, respiradores e medicamentos indispensáveis aos procedimentos de intubação. Fez mais, estimulou publicamente o uso de cloroquina e ivermectina, medicação que inadequadamente utilizada agravou o estado de saúde de milhares de brasileiros e matou outros tantos;

  • retardou, em omissão criminosa, a aquisição de vacinas. Fez pior, sabotou sempre que pode a produção e a credibilidade da vacina do Instituto Butantan, tão somente por ser um órgão afeto ao governo do Estado de São Paulo, comandado por um adversário político. Esta omissão impediu que o Brasil estivesse muito avançado na vacinação ( apenas a Pfizer teria fornecido 30 milhões de doses de imunizante ainda em dezembro de 2020 ). Vacinas evitam mortes. Logo…


Pazuello foi mero instrumento da política determinada por Bolsonaro. E talvez só o instrumento pague o preço. Como um homem que por imperícia martela o próprio dedo e, irritado, lança o martelo ao fogo, Bolsonaro está pronto a incinerar Pazuello. O general é tão tolo que ainda não percebeu isso. No caso, a imperícia de Bolsonaro é permeada por arrogância, desprezo ao ser humano e interesse pessoal.


Ao que tudo indica, os primeiros a serem ouvidos na CPI serão os Ministros da Saúde do governo Bolsonaro. É um mau começo para Bolsonaro, pois Mandetta e Teich têm muito a dizer. Pazuello, ao contrário, não tem nada a dizer que possa justificar sua desastrosa, omissa e criminosa gestão da pandemia no período em que esteve à frente do Ministério da Saúde. A não ser a ladainha militar: cumpri ordens.


A nação espera, anseia e exige uma CPI independente e séria. É hora dos responsáveis pelas milhares de mortes pagarem por seus crimes.


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