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Foto do escritorTião Maniqueu

CPI DA COVID XXI

Picaretas no palco.


Imagem deJL GporPixabay


Picareta é uma gíria antiga para designar uma pessoa desonesta, vigarista, cheia de más intenções. Nos dois últimos dias da CPI vimos a triste figura de dois picaretas que, embora permanecendo em silêncio a maior parte do tempo, deixaram claro seu envolvimento com a corrupção que grassa no Ministério da Saúde.


Um dos picaretas é um estelionatário, outro um lobista. O estelionatário é Marcos Tolentino, alguém que controla dúzias de empresas fantasmas, cujos proprietários são laranjas que lhe outorgam uma procuração irrevogável com plenos poderes. Só isso basta para configurar um picareta. Afinal, somente quem está movido por más intenções age desta maneira. Entre as empresas do picareta Tolentino há o FIB Bank, um banco fake, não reconhecido pelo Banco Central, sem lastro, sem respeitabilidade. Estas péssimas credenciais não impediram o governo federal de receber alegremente o FIB Bank como garantidor de diversas operações do Ministério da Saúde, em especial na aquisição nebulosa de vacinas. Mesmo depois das denúncias da CPI o FIB Bank foi aceito pelo governo federal em uma transação.


Lobby é uma palavra da língua inglesa para identificar uma pessoa ou grupo de pessoas que, mediante influência e relações pessoais, busca influenciar o poder público em suas decisões. O lobby nem sempre é ilegítimo. Grupos organizados, com transparência e ética, podem fazer pressão pela consecução de seus objetivos, desde que lícitos. Mas o lobista neste caso, Marconny Albernaz Ribeiro, fazia o lobby ilegítimo, usando de suas influências junto a políticos e à própria família Bolsonaro para pressionar pela realização dos contratos com a Precisa Medicamentos, que a CPI já comprovou ser um ninho de maracutaias.


Ambos depoentes, o estelionatário e o lobista, permaneceram em silêncio a maior parte do tempo. Já dissemos antes que, inequivocamente, qualquer pessoa que usa deste artifício tem muito a esconder. Evidente, pois quem não deve, nada tem a esconder e, portanto, pode falar abertamente sobre todas suas atividades. O silêncio é eloquente e escreve culpado na testa de ambos.


As coisas caminham mal para o governo na CPI, que se aproxima dos últimos capítulos, com o oferecimento do relatório oficial. Hoje, um grupo de juristas de peso, convidados pela CPI a assessorá-la, entregou seu relatório. Depois de estudar os elementos de prova que a CPI reuniu, concluíram que o Presidente da República cometeu pelo menos 7 crimes, que vão da prevaricação a crime de responsabilidade, passando por crimes contra a saúde pública e crimes contra a humanidade. Muito grave, portanto, sobretudo porque o grupo de juristas é liderado por Miguel Reale Jr, alguém reconhecidamente capaz e indubitavelmente isento. Afinal, ele sabidamente não tem relações com a esquerda. Todos sabem que no impeachment de Dilma Roussef, Miguel Reale Jr teve papel preponderante.


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