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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

CRÍTICA: UM LINDO DIA NA VIZINHANÇA

O encontro improvável entre um homem doce e um amargo.


Existe uma ideia disseminada entre os amantes do cinema de que Tom Hanks não se envolve em projetos ruins. Seu trabalho em “Um Lindo Dia na Vizinhança” comprova e ratifica este mito. É apenas um filme agradável, com um roteiro razoável e, certamente, longe de ser dos melhores trabalhos de Hanks... mas certamente não é um filme ruim.


Tom Hanks encarna Fred Rogers, que nos anos sessenta mantinha um popularíssimo programa infantil nos Estados Unidos - Mister Rogers Neighborhood. A se acreditar na história contada, Fred Rogers é o homem mais doce que já pisou na face da terra, tão calmo e educado que chega a dar nos nervos de uma pessoa normal. Lá está ele, cantando músicas infantis, algumas compostas por ele mesmo, conversando com personagens do show, tudo num cenário deslumbrante que ganha qualquer criança. Há coisa mais cativante para uma criança que uma cidade em miniatura?


No enredo do filme, um jornalista mal humorado é encarregado de fazer uma matéria sobre Rogers. O caso é que o jornalista - interpretado por Matthew Rhys - costuma traçar perfis muito ácidos de seus entrevistados, o que naturalmente não lhe granjeia grande popularidade. Para piorar, Lloyd Vogel, o jornalista, está mergulhado em grave trauma familiar que envolve seus pais. A sua dificuldade em lidar com este problema acaba por perturbar o seu próprio casamento.


E ali estão eles, o homem mais popular da América repentinamente convivendo com o misantropo. Acontece que a doçura de Rogers é algo genuíno. Vogel percebe que não está lidando com uma persona, que não há artificialismos para a câmara. E o trabalho da entrevista prolonga-se por algumas sessões, ao longo das quais o jornalista faz seu trabalho e, ao mesmo tempo, recebe uma terapia existencial.


O roteiro parece piegas, confesso. Mas funciona. Claro, para gostar do filme você precisa estar predisposto a uma história leve, preferencialmente ter filhos ou netos, e se possível… um coração. É tudo baseado em fatos reais, o que por alguma razão tem muito apelo com muitas pessoas.


O desempenho de Tom Hanks é suficiente, o que para um grande ator como ele significa muito bom. Rhys trabalha bem e merece destaque: você chega a sofrer com ele em seu desconforto para encarar a ternura de Rogers e a dor para lidar com o próprio trauma. Atores coadjuvantes não desapontam. Direção e fotografia adequadas.


“Um Lindo Dia na Vizinhança”, 2019, direção de Marielle Heller - Disponível no Now.


Nota 7

Recomendação: Um filme agradável para quem curte mensagens positivas e dramas familiares.

Adjetivos: terno, comovente, agradável.



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