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Foto do escritorHatsuo Fukuda

CURITIBANICES: FRIO DE RACHAR EM CURITIBA

Ameaça de neve em agosto

Imagem de Ulrike Leone por Pixabay

Este realmente tem sido um ano atípico. A seca, insidiosa, já havia dado as caras desde o ano passado, mas somente os rapazes e moças da Sanepar estavam realmente de olho em suas consequências, que hoje se escancaram à população sedenta. Em seguida, a tal pandemia. Mais de cem mil mortes, e contando.

O fim dos tempos já havia se anunciado, no ano anterior, pelos jornais impressos, noticiários da tevê, e as famosas redes sociais, repletas de insultos, palavrões, imprecações não canônicas e bem pouco respeitáveis. Nós, que estudamos nossas poucas letras em uma gramática de Mansur Guérios, nos espantamos com a guerra que se disseminou nas redes. Muito palavrão e pouca substância, convenhamos.


Algo a ver com o ano duplo dois duplo zero? Me socorram os entendidos em numerologia.


Anunciou-se a vinda de uma nuvem de gafanhotos, sinal bíblico da cólera divina.


Mas ela não veio, talvez dispersada pelas orações de um povo cansado de tanta desgraça. Ele nos ouviu, quem sabe?


Agora, o frio de agosto. Ameaça de neve em agosto? Na minha ignorância, de novo peço aos especialistas para nos informarem quando foi a última vez que em Curitiba fez o frio que está fazendo nestes dias, com três graus às 13 horas, no dia em que escrevo. Com a palavra a rapaziada do Simepar.


Fiz uma pequena incursão à Boca Maldita, e admirei o movimento nas ruas. Apesar da chuva e do frio, a turma cansou do confinamento, e sai para tomar uns ares, ainda que covídicos. Alguns, na verdade, estão querendo tomar umas biritas, enquanto degustam um sanduíche de pernil com verde no Cachorro. Estes pratos gourmet que fazem a delícia dos frequentadores da Boca Maldita.


Enquanto subia a Rua das Flores, pensava nas geadas de ontem, nas frentes frias vindas do Sul a partir de abril, tão regulares como o dia depois da noite, o pão com manteiga, o café com leite. Naquelas pacíficas manhãs de inverno curitibanas, os velhinhos se juntavam na parte ensolarada da rua, amontoamento desaconselhado na pandemia. As geadas recrudesciam em junho e julho e se encerravam em agosto, que, aos meus olhos, sempre foi prelúdio da primavera.


Neste ano a ser cancelado, o mês de setembro e suas promessas, envoltas nas floradas de ipês roxos e amarelos, parecem muito, muito distantes.

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