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CÃES E GATOS NA PANDEMIA

Secretária Márcia Huçulak, como boa mãe curitibana, dá um piti na piazada

Foto de Hatsuo Fukuda

A pandemia continua a fazer estragos. Em Curitiba, ao que dizem os números, ela tem feito progressos galopantes. E não devemos esquecer que esses números, já altos, não refletem a realidade da pandemia, visto o baixo número de testes que se realizam. A realidade é muito pior, rapazes. E a nossa Secretária de Saúde, Márcia Huçulak, outro dia, teve um piti ao falar sobre aglomerações na cidade. Brava secretária, agindo como uma mãe curitibana zelosa com filhos indisciplinados. Tem razão a secretária, mas infelizmente os cidadãos, principalmente os jovens, mas também os mais velhos, estão ansiosos com o confinamento, e saem de suas casas, seja pela necessidade de ganhar a vida, seja pela eterna busca de aventuras no dia a dia tão difícil. Escrevo no Dia dos Namorados, e penso naqueles apaixonados separados pela pandemia, reduzidos a encontros virtuais, que, por melhores que sejam, não substituem os encontros ao vivo e a cores, como sabem todos os apaixonados.


Uma das minhas sete leitoras e leitores (é, aumentou) quer saber mais detalhes do Chico, o cachorrão que apareceu junto com meu artigo. Ela está ansiosa, ao que parece – coisas da pandemia -, para rolar no tapete com o perigoso animal. Pede detalhes da vida daquele meu amigo. Isso me fez lembrar a frase atribuída a Jânio Quadros (mas não era dele): a intimidade só produz arrependimento e filhos. Pois é. Feita a advertência, que a humanidade felizmente não cansa de ignorar, vamos ao que interessa, os cães bons – não aqueles de duas patas.


A hora do espanto”, ótimo filme de vampiros que passou há alguns anos, continua em cartaz em terras brasilienses. Mas prefiro lembrar Cats & Dogs, que no Brasil chamaram inadvertidamente “Como cães e gatos”, dando margem a inúmeros mal-entendidos, revoltando os amantes de cães e gatos, horrorizados com a idéia de colocar os seus na mesa. Este último filme, embora tenha agradado muita gente, a mim nada disse. Trata da guerra interminável entre cães e gatos. Ora, em minha casa sempre tivemos cães e gatos, que conviveram e convivem pacificamente. Desde, é claro, que a cachorrada se mantenha em seu lugar. A gata Safira manda e todos obedecem. Chico, nosso Labrador, foi encontrado na rua, abandonado. Deve ter passado por maus bocados, com sua índole pacifista. Cicatrizes pelo corpo mostram que para sobreviver ele teve que aprender a lei da selva. Assim, quando a gata, irritada, bate as patinhas, ele, com toda a finesse de um Labrador experimentado, deixa passar e toca a vida.


Impossível agir com a fleugma de um Phileas Fogg diante de determinadas situações, mas, apesar de todas as barbaridades que os jornais noticiam, especialmente nestes tempos pandêmicos, Chico tem algo a nos ensinar, nestes tempos em que urubu anda voando de costas (graças, Stanislau Ponte Preta).


Sigam os conselhos da Secretária da Saúde Márcia. Fique em casa. Aproveite e leia ou releia Volta ao mundo em oitenta dias, de Júlio Verne. O fleugmático Phileas Fogg continua impávido diante das situações mais absurdas. Já que não dá para sair de casa, viaje. E que viagem! Ou assista Cats & Dogs (Como cães e gatos, no Brasil), com Jeff Godblun, Elizabeth Perkins e Tobey Maguire. A hora do espanto, de Tom Holland, com Chris Sarandon, Roddy McDowal, Amanda Bearse. Este filme é de 1985. Em 2011 fizeram um remake com Collin Farrel, que infelizmente não assisti. Roger Ebert, o crítico, deu ao primeiro filme 3 estrelas em 4.

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