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Foto do escritorTião Maniqueu

DISCIPLINA?

Se hierarquia e disciplina fossem de vidro, os estilhaços cobririam o Brasil.





O Brasil iniciou a semana com a estarrecedora e preocupante notícia de que o Exército Nacional passou a mão na cabeça do General Pazuello e decidiu não puni-lo. Na literalidade da decisão, o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general. Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General Pazuello.


É quase um deboche, pois os argumentos foram pífios. De tal forma sem sustentação que fariam corar qualquer soldado com mais de dois neurônios. Ou alguém acredita que o ato de que Pazuello participou, sobre um palanque, não foi um ato político?


Cabe a pergunta: será que hierarquia e disciplina não são mais valores basilares do Exército Brasileiro? A pergunta não é um exagero, sequer despropositada. O regulamento do exército foi claramente violado por Pazuello, um general. Que mensagem foi passada às tropas com sua absolvição, diria, sumária? A resposta é simples: sinaliza-se que qualquer patente inferior pode fazer o mesmo, que exército e política não são mais atividades conflitantes.


Considerando que muitos generais - inclusive o Vice-Presidente Mourão - já haviam se pronunciado pela necessidade da punição, sob pena de fomentar anarquia nas tropas, o Comandante do Exército, General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ficou muito mal. Passou a imagem de um homem fraco, algo que já se supunha quando ele aceitou o cargo após a demissão do triunvirato que comandava as Forças Armadas e que ficou acentuado quando Bolsonaro pressionou pelo perdão a Pazuello.


De fato, justamente após o pedido de Bolsonaro, Paulo Sérgio precisava punir Pazuello, para mostrar ao povo brasileiro que o exército nacional não é o exército de Bolsonaro, que o Comandante do Exército não é mero marionete nas mãos do capitão reformado. Quando cede, Paulo Sérgio troca sua dignidade pela permanência no cargo. Mas, a que custo?


Ainda ontem, o Presidente Bolsonaro assinou um decreto em que condecora o General Paulo Sérgio com o mais alto grau ( Grão-Cruz ) da Ordem do Mérito da Defesa - normalmente concedida a quem presta relevantes serviços ao Ministério da Defesa e às Forças Armadas do Brasil. Para um homem com amor próprio, ficou pior. Ao receber a medalha, Paulo Sérgio aceita uma coleira e, na prática, troca sua dignidade por uma comenda.


O episódio é, inequivocamente, mais um tijolo cimentado no muro da ditadura que, lenta e cerebralmente, vem se construindo no Brasil. Somente um tolo não percebe que o golpe já está em curso e tem ocasião prevista. Ocorrerá em novembro ou dezembro de 2022, quando Bolsonaro - à imitação de Donald Trump - não reconhecer o resultado das urnas. E soltar sua matilha armada nas ruas.


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