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Foto do escritorTião Maniqueu

ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS

Por que devemos nos preocupar com o que o Tio Sam vai fazer?


Imagem de BarBus por Pixabay



Quem teve a oportunidade de assistir aos debates presidenciais da atual eleição norte-americana percebeu que não diferem muito dos nossos. Poucas propostas são apresentadas, terríveis acusações são lançadas de parte a parte, há imensa dificuldade de conduzir o debate dentro de uma normalidade. É bem verdade que debate de ideias e condução equilibrada da discussão mostra-se quase impossível quando um dos candidatos é Donald Trump. Afinal, ele é grosseiro, mentiroso, interrompe o adversário a cada vinte segundos, não tem plano de governo e ainda se atreve a dizer que é o maior em todas as áreas.


Então, por que devemos ficar atentos às eleições nos Estados Unidos? O que nos interessa a briga entre democratas e republicanos? Que temos nós com o destino de burros e elefantes? Simplesmente isso: trata-se da maior e mais antiga democracia do mundo. O que acontecer nos USA irá afetar todas democracias do planeta Terra.


Nós, brasileiros, em nossa frágil e jovem democracia, temos muito com que nos preocupar. Especialmente porque nosso Presidente é um fantoche, um seguidor incondicional do Presidente Trump. Nossa linha de preocupação, a mesma preocupação de todas democracias no planeta, segue duas considerações: a) será possível que Trump vença novamente? b) Em caso de derrota, ele aceitará cordialmente o resultado?

Na primeira linha de consideração é inevitável observar que se Trump vencer e for reeleito então, provavelmente, o mundo estará definitivamente mergulhando numa era de obscurantismo e autoritarismo. Em sua primeira eleição havia fatores novos e fortes tendências atuando: as mídias sociais como nova ferramenta eleitoral, o discurso do candidato não político, a absoluta ausência de proteção do eleitorado contra as fake news e uma grande rejeição à candidata democrata Hillary Clinton. Agora Trump foi desmascarado como o charlatão violento, o bufão incompetente que é. O eleitorado americano o conhece e não está mais inteiramente à mercê das mentiras veiculadas nas redes sociais. Vale dizer, se Trump vencer houve uma opção consciente por seu modo de governar. Isso é desesperador!


Na segunda linha de consideração estaremos testando as instituições norte-americanas. Trump já anunciou que não reconhecerá derrota, que considerará a vitória de Biden uma fraude a ser contestada judicialmente. Quebrando mais uma vez a tradição de civilidade que regia a política americana no passado, nomeou apressadamente Amy Coney Barrett para assegurar ampla maioria conservadora na Suprema Corte. Imagina que talvez possa reverter sua sorte virando a mesa. Não penso que isso seja suficiente. Não penso que a Suprema Corte americana servirá a propósito tão baixo. Não acredito sequer que os republicanos, que ultimamente estiveram contaminados por perigoso revanchismo, vão continuar se sujeitando ao jugo do maior pateta que já comandou os Estados Unidos. Mas se as instituições americanas não se mostrarem à altura de suas tradições, não honrarem seu passado de defesa intransigente da democracia, então sim, o mundo entrará novamente num ciclo de desprezo à liberdade e aos direitos individuais dos cidadãos.


Aqui, em nossa frágil democracia, outro canastrão desgoverna o país. Nossas instituições estão sempre à sombra de palavras ameaçadoras como ditadura, golpe, militares… Nossos militares mesmo, parece que ainda não conseguiram decidir se farão das forças armadas o principal bastião da democracia ou se continuarão se sujeitando ao capitão e seus caprichos. Se Trump cair, talvez Bolsonaro não se reeleja e, seja quem for que venha, direita ou esquerda, conservador ou socialista, estaremos respirando ares mais democráticos. Se Trump cair, possivelmente Bolsonaro também caia. É o que quase sempre acontece com o boneco, quando o ventríloquo desaba.


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