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Foto do escritorSorin Markov

EM SITUAÇÕES EXTREMAS, NEUTRALIDADE É CONIVÊNCIA!

O silêncio dos que elegeram o presidente já alcançou patamares de cumplicidade.




Em 2018, nos longos e calorosos debates que antecederam a eleição daquele ano, as pessoas propensas a votar em Bolsonaro se atinham a um argumento: “Se ele fizer besteira, a gente tira!”. Não o faziam apenas por mera alusão ao impeachment de Dilma Rousseff, dois anos antes, mas também para se blindarem das críticas por prometerem voto a uma pessoa claramente despreparada e mau-caráter. Pois bem, Bolsonaro foi eleito e, após mais da metade de seu mandato, já deu mais motivos para sofrer um impeachment do que todos os seus predecessores somados. Dado o silêncio vindo da maioria dos que apertaram “17” naquele ano, surgem algumas perguntas: O que pensam hoje sobre as atitudes do presidente? Concordam com o próprio, que disse que o governo “vai bem”? Acham que não foi besteira o suficiente para se manifestarem? Ou estariam convencidos da tremenda irresponsabilidade que fizeram nas urnas e se escondem por orgulho ou vergonha?


O que mais intrigava os opositores do “mito”, à época, era que muitos dos “minions” não eram pessoas más, burras, pouco instruídas ou mal informadas. O que poderia então agregar todas aquelas pessoas em um conjunto de apoiadores de Bolsonaro que não possuíam os defeitos previamente citados? Irresponsabilidade! Irresponsabilidade política. Isso se deveu ao fato de termos uma democracia relativamente jovem e nunca termos passado por uma polarização tão intensa. Combinação que nos levou a reprovar no teste. Mas isto explica apenas o passado. É a presente inércia dessas pessoas o mais preocupante. O que aconteceu com aquele argumento do “se fizer besteira, a gente tira”? Era somente uma mentira para “vencerem o debate” com amigos e familiares? Estavam TODOS mentindo?


Poderia citar todos os absurdos do Governo Bolsonaro até aqui, mas aí o artigo ficaria extremamente longo. Queria focar apenas na gestão da pandemia, mas como discriminar os absurdos desse tópico também deixaria o texto muito grande, sugiro, a quem interessar, o artigo “Responsabilidade pelas mortes IV”, de 25/11/2020, de Tião Maniqueu, mesmo estando longe de ser uma lista exaustiva quanto ao assunto. (https://www.dialeticos.com/post/responsabilidade-pelas-mortes-iv).


Apesar da coleção de crimes cometidos pelo presidente, que causaram um inaceitável número de mais de 250 mil mortes brasileiras até o momento, fazendo até juristas internacionais mencionarem o termo “genocídio”, nenhum processo de impeachment avança no congresso. Como isso é possível? O que está faltando? Acontece que quem está gritando hoje são os mesmos que gritavam desde o início, imprensa, comunidade acadêmica, científica, médica, militantes em geral. Em outras palavras, é mais do mesmo. O que está faltando é a adesão dos que votaram em Bolsonaro, para criar um maciço apoio popular. O silêncio dessa parcela da população é o que mantém os processos de impeachment na gaveta, ou seja, possuem parte da responsabilidade pelo que está acontecendo no Brasil. Essa inércia dos “mínions” faz o país se preocupar com uma possível reeleição em 2022, o que deveria ser impensável depois de tudo o que aconteceu.


Quase duas mil pessoas estão morrendo todos os dias, não é o momento para se abster, seja por orgulho ou por vergonha. Pelo contrário, é hora de agir e se manifestar, para deixar bem claro que vocês não compactuam com essa tragédia que se revelou este governo, que não aceitam mais assistir a essa impunidade gerar mais e mais mortes de nossos irmãos e irmãs. O que está em jogo aqui não é o seu ego, seu comércio, político A, ou partido B, mas sim as milhares de vidas que se perdem todos os dias em função dessa necropolítica vinda do Palácio do Planalto.

Já passou da hora dessas pessoas colocarem a mão na cabeça e perceberem que essa inatividade é tão irresponsável quanto o voto em Bolsonaro em 2018. Uma irresponsabilidade equivalente a 8 boeings lotados caindo todos os dias. E estamos falando apenas do quesito pandemia desse desgoverno. A neutralidade dessa parcela da população passa uma ideia de aceitação, de apoio. E isso vem ancorando a solução. Estão se tornando cúmplices. Esse silêncio está matando o Brasil, literalmente!

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