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Foto do escritorHatsuo Fukuda

FLANANDO NA OSÓRIO

O distinto cavalheiro passeia na Praça Osório

Imagem de br_ruy por Pixabay


Circulando na feirinha junina da Praça Osório, no sábado pela manhã. Uma daquelas frias manhãs de junho, ensolarada (quente ao sol, frio na sombra. Curitiba nunca nos decepciona.). Pensei em comer um pastel, mas como já havia roído minha cota de pão seco do dia, desisti. Parei para ouvir e ver a dupla de cantores-compositores, Roque e Regina. Eu os via, às vezes, parados na Marechal Deodoro, em frente à Caixa Econômica, mas desta vez eles resolveram aproveitar o público na feirinha. Após a pandemia, uma multidão resolveu sair às ruas e fazer o que lhe foi proibido nos últimos dois anos.

Pessoas paradas os ouviam, fascinados e comovidos pela sua cegueira. Ora, ora. Suas canções mostram que eles enxergam a humanidade muito melhor do que a maioria de seus ouvintes de olhos saudáveis. E como todo artista que enxerga, sabem que devem ir aonde o povo está (obrigado, Milton Nascimento). No caso, a Praça Osório, não a esquina das Marechais onde costumam ganhar o pão (que espero, seja melhor do que meu pão seco de todos os dias).


Comprei um CD que agora não sei como ouvir, visto que os computadores hoje não têm leitores de CDs e o meu aparelho de som há muito se recolheu ao museu das antiguidades onde se escondem gadgets antigos e ilusões perdidas. Apple Music é bom, mas não serve para ouvir músicos de rua.


Adoro a Apple Music (outros adoram Spotify). Lá encontro quase tudo que me lembro de ouvir, inclusive, às vezes, preciosidades. Mas lá é o mainstream. Os marginais, aqueles que por sorte ou opção estão à margem do mercado, estes você os encontrará quase sempre no Youtube ou TikTok, em produções próprias, quase sempre precárias, aqui e ali pedras preciosas, em meio à babilônia de material.

Se existe algo que a pandemia nos ensinou (eu já sabia disso, mas sempre há os distraídos), é que nada substitui o encontro real. Rapazes, aprendam essa novidade: beijos na tela do cinema e da tevê podem ser emocionantes, mas muito mais emocionante é aquele trocado ao vivo e em carne e osso. Tórrido, de preferência. Assim também na música. Se algum desavisado lhe cantar as maravilhas do seu equipamento de som, desconfie. Experiência inesquecível mesmo é ver e ouvir Roque e Regina em meio à cacofonia da praça, com crianças desgovernadas, adolescentes distraídos com a namorada, jovenzinhas piedosas comovidas com os pobres ceguinhos cantores, os cheiros de pastel, pamonha, sanduíche de pernil, e, distante, quase inaudível, um marulhar das aguinhas da fonte.


Segui em frente, e logo adiante, encontrei o Pastor Maurício e sua mulher Patrícia, da Igreja Universal, eufóricos diante da grande tarefa de conversão de tantos pecadores na Boca Maldita. Eles têm fé, como tem fé a dupla de cantores. Mas esta conversa fica para outro dia.



Se você quiser ouvir a dupla Roque e Regina, faça como eu: circule a pé pelas ruas da cidade. Eu os encontrei no sábado, na feira de inverno da Praça Osório. Normalmente eles estacionam quase na esquina das Marechais. O CD é vendido a R$ 15,00. Uma pechincha. O Pastor Maurício e sua esposa Patrícia, ambos da Igreja Universal, estacionam na Boca Maldita nos terceiros sábados de cada mês. Eles são incansáveis em seu amor a Deus e suas criaturas. Não custa nada ouvi-lo. Vai que.

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