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GRANDES POEMAS DA NOSSA LÍNGUA XXIII

A língua portuguesa tem pérolas esquecidas, espalhadas em velhos livros já não lidos. Chegou a ocasião de celebrar um dos maiores poetas paranaenses: Paulo Leminski. Este ano Leminski completaria 80 anos, ele que nos deixou precocemente, por pura sacanagem. Ao contrário do que pensam alguns, Leminski não era do modelo poeta maldito. Nada... era irreverente, rebelde, debochado, isso sim. Consumia tanta vida que a vida o consumiu cedo. Começamos a celebração com um poema que mostra seu estilo: Dor Elegante.



Imagem de São Paulo Review



Dor elegante


Um homem com uma dor

É muito mais elegante

Caminha assim de lado

Como se chegando atrasado

Chegasse mais adiante 


Carrega o peso da dor

Como se portasse medalhas

Uma coroa, um milhão de dólares

Ou coisa que os valha 


Ópios, édens, analgésicos

Não me toquem nesse dor

Ela é tudo o que me sobra

Sofrer vai ser a minha última obra


Paulo Leminski ( 1944/1989 ), foi principalmente poeta. Contudo, fez muitas outras coisas, todas elas muito bem feitas. Foi escritor, tradutor, compositor, crítico literário, jornalista, músico, professor e ainda outros ofícios. Pode-se dizer que revitalizou a poesia nacional, pois inaugurou estilo único, profundo e despojado ao mesmo tempo. Era um mestre no Hai Cai. Escreveu prosa experimental ( Catatau ), biografias ( Trotski - A Paixão Segundo a Revolução ) e, na música, fez parceria com gente de peso, como Moraes Moreira, Guilherme Arantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, entre outros. Personagem marcante da cultura curitibana, partiu muito cedo, aos quarenta e quatro anos.

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