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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

INTRODUCE ME AS JOKER

As virtudes do filme estão no roteiro e na avassaladora interpretação de Joaquin Phoenix.



A luta pela sobrevivência fustiga. A falta de empatia machuca. A solidão mata. Junte tudo isso a problemas mentais e terá uma fórmula explosiva. A formação psicológica do arquirrival de Batman - o Coringa, a busca daquilo que formou seu acervo emocional, é o mote do filme Coringa, 122 minutos, dirigido por Todd Phillips. Embora seja uma tendência atual dos filmes de super heróis desvelar o passado de heróis e vilões, Coringa foge ao padrão dos filmes que tratam do universo da DC por sua densidade.


O Coringa de Joaquin Phoenix é angustiado, dilacerado pela sociedade e pelas incertezas que cercam seu passado. O personagem sofre desesperadamente desde o começo do filme até assumir aquilo que para ele é sua fórmula de redenção: o mundo é mau, serei pior.


Além da exploração profunda da psicologia do vilão, o filme é uma crítica social ácida à sociedade americana. Afinal, Gotham City é New York, alguém duvida? Inúmeros aspectos do american way of life são clara ou transversalmente condenados, a começar pela obsessão pelo sucesso. Obsessão que identifica o sucesso ao dinheiro, a realização à fama ( milionária ) e o fracasso com tudo que fuja à fórmula padrão. Aos que não se adaptam ao ideal do pretendido sucesso reserva-se o pior xingamento para um cidadão americano: loser!


A crítica avança às piadas de mau gosto, focadas no desrespeito às diferenças - materializada nos espetáculos de stand-up que Coringa assiste para inspirar futuros empreendimentos. E também aos ícones da televisão - os apresentadores sorridentes que não hesitam em ridicularizar espectadores para assegurar os índices de audiência. No filme o papel é competentemente desempenhado por Robert de Niro.


Neste universo de pouca empatia, de descaso com os menos favorecidos, o caos se instala e nele Coringa é, finalmente, protagonista. E Joaquin Phoenix o interpreta com profundidade e comprometimento. Este se revela não apenas no emagrecimento forçado a que se submeteu ( creio que tenha mesmo perdido massa muscular ), mas também no mergulho em busca do personagem, uma viagem perigosa para qualquer ator que se propõe a encarnar o Coringa. Particulamente, admiro atores capazes de múltiplos papéis, que não se limitam/identificam com apenas um personagem. Phoenix, que já interpretou personagens bens diferentes ( Gladiador, Sinais, por exemplo ), faz do Coringa um personagem terrível em sua humanidade, humano em seu terror. Não é à toa que ganhou o Globo de Ouro. E até por isso, é favorito ao Oscar - festa que se dará no próximo dia 9 de fevereiro. É possível, contudo, que a academia prefira Di Caprio, já que seu trabalho se deu em um filme sobre Hollywood.


Das outras indicações do filme, aposto no roteiro adaptado, assinado por Todd Phillips e Scott Silver. A história é verossímil, qualidade frequentemente negligenciada nos filmes do gênero, desenvolve-se gradual e exitosamente. Atribui-se ao personagem uma doença - epilepsia gelástica - mal que faz a vítima rir descontroladamente quando sob estresse. Este problema é utilizado habilmente como origem de muitas cenas do filme, situações que quase sempre acabam mal para o personagem principal.


Embora tenha onze indicações, não creio que o filme ganhe sequer 6. A direção é competente, mas não excepcional. A produção não apresenta maiores dificuldades. E há concorrentes fortes… De qualquer modo, Coringa é, enfim, digno de ser visto. Entretanto, não se recomenda para pessoas que buscam apenas entretenimento, tampouco para crianças.


Avaliação: Nota 8

Recomendação: Merece ser visto, sobretudo para os amantes do gênero.

Adjetivos: perturbador, cativante ( quanto à atenção do expectador ).

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