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KAMALA É UMA PIRRALHA


Kamala Harris é a candidata do Partido Democrata à presidência da República. E não passa de uma pirralha. E todos amam a pirralha. Menos Trump.



Imagem de Agência Brasil - EBC.



Kamala é uma pândega. Volta e meia se sai com frases aparentemente aleatórias. Em um discurso famoso, que viralizou, na época, como prova de que ela tinha os pinos fora do lugar, contou que a mãe costumava dizer: “Não entendo vocês, jovens. Pensam que caíram de um coqueiro? Tudo existe em um contexto.” E dá-lhe uma gargalhada. Ela é famosa por suas gargalhadas, que alguns vêem muitas vezes inadequadas, fora do contexto. Gente séria não dá gargalhadas. Nem dança. O vídeo foi acessado milhões de vezes, e Kamala parecia desgastada, após três anos ocupando a vice-presidência, em um papel subalterno, enquanto Joe Biden ocupava o centro do palco.


Mas a vida, como sempre, nos surpreende, e Kamala foi ungida por Biden para ser a candidata do Partido Democrata. Foi um movimento que pegou todos no contrapé, Trump principalmente. Coconut tree viralizou novamente, desta vez vista positivamente, mostrando-a como mulher sábia e que sabe se comunicar com as plateias jovens, em uma linguagem que eles são capazes de entender. O discurso, afinal, foi feito para jovens, em uma campanha para auxiliar jovens hispânicos em seus estudos.


Em seguida, uma cantora pop britânica, Charli XCX, que acabou de lançar um álbum, Brat (Pirralha), que anda fazendo misérias na cena pop, escreveu no X: “Kamala IS Brat”. O circo pegou fogo. Milhões de memes com Kamala dançando, gargalhando, rindo, falando besteiras, viralizaram em questão de horas. As redes enlouqueceram, e Trump, pobre coitado, para variar, começou a chamá-la de louca.


A pirralha imediatamente começou a angariar apoios no Partido Democrata. Este é tradicionalmente um partido que gosta de torturar suas lideranças, em intermináveis prévias em que todos se esfaqueiam, esfolam e matam uns aos outros, em um espetáculo abominável que chamam de democracia interna. Quem acompanha este circo imaginava que Kamala seria triturada até a Convenção Democrata, para alegria dos trumpistas. O que se viu, em 48 horas, foi uma avalanche de lideranças declarando apoio, somando a maioria da Convenção. Um feito inédito. Mesmo a turma do mata-esfola (a esquerda democrata) imediatamente cerrou fileiras em torno de Kamala, que eles aliás abominavam quatro anos atrás.


A turma do outro lado, atônita, até agora não sabe como reagir. Republicanos importantes começaram a chamá-la de candidata DEI (Diversity, Equity, Inclusion), focando em sua raça e cor, pelo que Kamala agradece penhoradamente, pois reforça sua imagem perante o eleitorado negro e hispânico. Trump, em sua postura tradicional, começou a chamá-la de louca, ultra-liberal (na política americana, liberal é a esquerda. No Brasil chamariam de comunista) e reclamar que foi fraudado. É verdade. Ele passou três anos e meio se preparando para combater o Velho Biden, e da noite para o dia deverá recalibrar sua campanha. Agora será uma mulher jovem (tem 59 anos, ele tem 78), dinâmica, negra, filha de imigrantes, bonita (não subestimem o poder da beleza), bem-humorada e com a mente afiada para debates. Esqueci alguma coisa?


O currículo dela é uma pista do que será a campanha (ou o que pretende a campanha de Kamala): ela foi Procuradora Distrital de San Francisco (lá é um cargo eletivo), Procuradora Geral da Califórnia também eleita (duas vezes) e a seguir senadora pela Califórnia. Em seu primeiro discurso após ser lançada candidata por Biden, Kamala lembrou de seu passado de Procuradora e disse que estava acostumada a lidar com escroques, estupradores e fraudadores. E emendou: “Eu conheço o tipo de Donald Trump”. A eleição, para ela, será entre a Procuradora (law & order) e o Condenado pela Justiça (Trump foi condenado pela Justiça e tem inúmeros outros processos a responder). As pesquisas responderam positivamente, mas são cem dias até as eleições. Muita água irá correr neste riacho.


Kamala hasteou sua bandeira.

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