Uma aventura do delegado Plínio.
Imagem feita por Canvas com IA.
Capítulo 2
A BELA INGRID
Prazer em conhecer. Ingrid. Ingrid Müller.
O Delegado Plínio saía da Delegacia para se reunir com o prefeito e uma mulher chegava. Edevaldo, o escrivão, os apresentou. Ele, com a mente mergulhada em uma noite sombria e nublada, viu uma brisa afastar as nuvens e mostrar uma lua cintilante no céu estrelado. Era loira, não muito alta, com olhos azuis escuros, aparentando menos que os 35 anos que tinha. Uma calça jeans e uma camisa de linho azul escuro impecavelmente passada cobriam um corpo de músculos firmes. Botas de montaria. Os seios firmes espetavam a camisa. As costas eretas, o rosto sereno e um olhar frio. Os olhos contrastavam com o efeito que sua presença produzia nas pessoas. Aonde ela chegasse, o ambiente mudaria. Uma eletricidade percorreria o ar. Talvez fosse efeito do perfume suave e envolvente, como uma carícia. Mas isso seria sentido apenas pelas pessoas próximas, e ela chamaria a atenção em um salão lotado. Estava calma e sóbria, mas não parecia preocupada ou triste. Uma cerimoniosa troca de palavras se seguiu. A esposa do falecido Dr. Maneco. Vinha prestar depoimento e queria liberar o corpo para o enterro.
O delegado seguiu seu caminho com o coração mais leve. Ingrid, Ingrid Müller. A beleza feminina sempre o deixava feliz.
O investigador Leonardo aguardava no carro, aparentemente indiferente, mas com a mente tomada pela visão da viúva. Ele já a conhecia, das Festas do Peão Boiadeiro que aconteciam anualmente em Platônia. Seus cavalos, seus touros e vacas premiadas eram sempre supervisionados pela bela Ingrid. O marido percorreria a festa, apertando as mãos de todos, tirando fotografias e abraços enquanto ela cuidaria dos animais, cercada por um grupo de técnicos e peões. Uma foto da festa a mostrava com um ancinho, ajeitando com feno a cama de uma vaca, o rosto sorridente. Somente na entrega dos prêmios ela tiraria as calças jeans e se vestiria como uma estrela de cinema para receber as flores ao lado do marido orgulhoso e sorridente.
Em seu depoimento, Ingrid contou que o marido tinha ido a Curitiba, para contatos políticos, e voltaria na quinta-feira. Ele havia mandado uma mensagem dizendo que retornaria somente no sábado, mas era comum que se demorasse ou mesmo que voltasse e ficasse na cidade para reuniões com companheiros. Tinha sido deputado, prefeito de Platônia e seria candidato ao Senado nas próximas eleições. Era uma liderança estadual no agronegócio. Maneco era um homem muito popular e benquisto na cidade. O assassinato foi uma surpresa, e a violência com que fora cometido a deixara chocada. Ele não tinha inimigos políticos. Como era médico, mesmo seus adversários políticos o respeitavam. A prática da medicina era um divisor de águas. Sequer usava armas. Seu ofício era salvar vidas, dizia. As armas na fazenda eram dela, e ele mal sabia usá-las. Ela era colecionadora e uma grande conhecedora. Perguntada, disse que tinha duas Glock 9 mm, um revólver 38 Taurus, duas espingardas de caça. O delegado descobriria que ela tinha muito mais armas na fazenda. Mas isso depois. Frau Müller agora era apenas uma viúva rica. E sedutora.
Maneco e Ingrid tinham se conhecido em uma feira agrícola em Cascavel, onde ela estava cuidando de alguns cavalos em exposição. Casaram-se dois meses depois. Ela cuidava da fazenda e dos negócios, e ele fazia política. Era um casamento próspero, em que se juntaram pessoas diferentes e que se harmonizavam nas habilidades e interesses. Era uma joint venture bem-sucedida e que estava ampliando seus horizontes para além dos limites de Platônia. Agora não mais. Maneco logo seria esquecido, mais um político promissor que teve as asas cortadas pelo destino. Mas sua viúva não estava abatida. Era a principal herdeira do conglomerado e a CEO do empreendimento. Para ela, a morte do marido era apenas um incidente de percurso.
Esta é uma obra de ficção. Os leitores desavisados que se dispuserem a ler (por sua própria conta e risco) estejam advertidos que este Blog não se responsabiliza pelos desatinos do autor. Este suposto romance será publicado em capítulos toda terça-feira. Qualquer semelhança com fatos e pessoas é mera coincidência e não poderá ser imputado ao blog qualquer responsabilidade. A publicação poderá ser interrompida a qualquer momento, caso o autor morra, se suicide ou seja internado por insanidade mental. (Nota do Editor).
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