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Foto do escritorHatsuo Fukuda

NEWS FROM BANANALAND


Casas entre bananeiras

Mulheres entre laranjeiras,

Pomar amor cantar

Um homem vai devagar

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.






A misteriosa Bananaland, conhecida em todo o mundo como a maior produtora de bananas do mundo – the best banana in the world – que durante anos se afastou do convívio civilizado, está de volta. Nosso repórter especial conseguiu atravessar as fronteiras, fechadas nos últimos quatro anos, em razão de uma revolta de bananeiros locais, que, após tomarem o poder, cortaram relações com o resto do mundo.

A saga do repórter começou em Miami e Orlando, através de contatos com o submundo de traficantes de bananas – como em Bananaland não há parques de diversões, eles vêm em bandos para a Flórida – onde conseguiu um contato em um país vizinho à paradisíaca ilha. De Miami o correspondente conseguiu alugar – a preço de ouro – um pequeno avião monomotor com um contrabandista de bananas (claro), que o levou a Macondo, uma bela cidade situada perto do Mar do Caribe, ao lado da Colômbia. Lá o repórter conseguiu falar com um homem que, segundo todas as fontes, tinha estado em Bananaland: Coronel Aureliano Buendia, um personagem lendário em South America.

A Colômbia, para os leitores ignorantes, é famosa por ser o maior produtor de cocaína do mundo, além do café - o melhor do mundo, segundo eles -, apesar dos protestos do vizinho Brazil, que alega ser o seu café the best in the world.

Na América Latina é muito comum disputas sobre quem é o melhor e maior do mundo: a melhor banana (caturra ou nanica?); o melhor chineque (de Joinville ou de Curitiba); se é gasosa ou tubaína (todos sabem que é gasosa, mas sempre há os recalcitrantes); a melhor empadinha (de massa folhada ou massa podre?); e a mais excruciante de todas as dúvidas: qual é a melhor bala de banana, a de Morretes ou de Antonina?

Coronel Buendia, hoje aposentado, depois de liderar mais de cem revoluções em seu país e países vizinhos – e perder todas – dedica-se a forjar peixinhos de ouro que, após concluídos, são derretidos para novas peças (ele é zen-budista). Ele recebeu o repórter em sua oficina, ainda forte e com os olhos brilhantes, planejando talvez uma nova revolução. Ele foi direto ao ponto:


Coronel: Tienes la plata?


Correspondente: What?


Coronel: Para hacer la revolución, necessitas la plata. Si no tienes plata, no hay revolución.


Correspondente: But...


Após laboriosas negociações, o coronel se dispôs a mostrar o caminho para Bananaland (por um preço, claro).

Chegando lá, a multidão se encontrava nas ruas, comemorando.


Viva La Revolución!


Um pequeno grupo se amontoava junto a um quartel, pedindo a contra-revolução, mas os militares já haviam aderido aos vitoriosos (por um preço, claro).

O ex-ditador tinha fugido para Miami, onde se juntaria a outros ex-ditadores fracassados, deixando a mulher para trás. A multidão cantava nas ruas o Hino Nacional:



Yes, nós temos bananas!

Banana para dar e vender

Banana, menina,

Tem vitamina,

Banana engorda e faz crescer.



A epígrafe é de Carlos Drummond de Andrade. A marchinha carnavalesca, sempre atual, Yes Nós temos bananas, de Braguinha e Alberto Ribeiro, sempre será cantada enquanto houver carnaval e bom humor na Terra dos Papagaios. Mas a maior e mais excruciante dúvida é: porque chineque não está no Houaiss e no Aurélio?

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