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Foto do escritorTião Maniqueu

O INFERNO É AQUI



Não se trata do Armageddon, pois esta batalha final se dará supostamente entre o bem e o mal. Aqui é o mal enfrentando o mal.


Imagem de Poder 360.


Não se trata de discutir quem está certo ou quem está errado. Os dois lados estão errados. Os líderes de ambas as partes são pessoas alucinadas em busca de sangue. De um lado, o Hamas, evidentemente um grupo terrorista, tão cruel, fanático e sem empatia com seu próprio povo quanto o Estado Islâmico. De outro lado, Israel, ao menos o Israel de Benjamin Netaniahu e os partidos de extrema direita que lhes dão respaldo. Com essas pessoas dando as cartas o banho de sangue é inevitável.


O mundo assistiu estarrecido os ataques terroristas do Hamas no sábado, 7 de outubro. O ataque visou especialmente a população civil, trucidando e sequestrando centenas de pessoas. A brutalidade não distinguiu entre homens e mulheres, crianças e idosos. Bebês foram sequestrados. Diante de tanta violência é de espantar que muitos ainda não considerem o Hamas como uma força terrorista.


A retaliação de Israel também é inominável e implica claramente em crimes de guerra. Impor um cerco à Faixa de Gaza, recusando água, combustível e energia elétrica à população civil, é considerado crime de guerra. Bombardear áreas onde moram civis também. É escandolosa a afirmação de que os bombardeios são cirúrgicos, pois tal conceito é impossível numa região tão densamente habitada.


Netaniahu, como sempre, faz o que o Hamas esperava que fizesse. Assim como no passado os assentamentos ilegais de israelenses em áreas ocupadas fortaleceram o Hamas, permitindo que este grupo assumisse o comando absoluto na Faixa de Gaza, a brutalidade presente somente aumenta o fanatismo de facções extremistas que, a rigor, não representam o povo palestino. O Hamas é um monstro que se alimenta do caos. A desordem e o desespero o fortalecem. Para o Hamas, o governo judeu de extrema direita é seu adversário ideal.


Israel, por vezes, parece cavar a própria sepultura. Não há razões lógicas para negar a existência de um estado Palestino independente e soberano. Não há porque povos irmãos não possam conviver lado a lado pacificamente. Historicamente, a retaliação de Israel a qualquer ataque palestino é extremamente desproporcional. Para cada cidadão israelente morto, morrem 10 palestinos. Se de um lado há homens bomba, de outro há o terrorismo de Estado.



Imagem de UOL Notícias.



Alguns falam que Israel está diante de um dilema moral. Não há dilema. O único caminho razoável antes de atacar é permitir corredores humanitários que permitam a evasão em segurança da população civil. O interesse de eliminar as lideranças e os soldados do Hamas não justifica o sacrifício de milhares de vidas palestinas inocentes. Sequer falo nos reféns sequestrados, porque obviamente Israel já os deu como perdidos.


Se o mundo não conseguir impedir o ataque total à Faixa de Gaza sem que a população civil possa ser posta em segurança, iremos presenciar um massacre. O que os noticiários do mundo inteiro irão divulgar serão imagens de violência inaudita, dor inimaginável e sofrimento indescritível. Não será o Armageddon, como disse, pois a suposta batalha final apregoada no Apocalipse se dará entre o mal e o bem. Aqui, o bem não se coloca em nenhum dos lados.


O mundo assiste, apenas. Quiçá contemplemos algo impensável: o povo que sofreu o maior genocídio da história, pode cometer o segundo maior genocídio da história. Shalom Aleichem!



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