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Foto do escritorTião Maniqueu

O INFERNO É AQUI II



Não se trata do Armageddon, pois esta batalha final se dará supostamente entre o bem e o mal. Aqui é o mal enfrentando o mal.


Imagem de Exame.


A essa altura dos acontecimentos qualquer pessoa sensata já estabeleceu duas verdades inquestionáveis: o Hamas é um grupo terrorista e Israel está cometendo crimes de guerra em larga escala. A pergunta que fica é porque a ONU não consegue estabelecer verdades tão óbvias e determinar sanções que levem ao fim da carnificina?


A resposta é simples: a ONU nunca conseguiu cumprir o papel para o qual foi concebida e criada, assim como a Liga das Nações tampouco conseguiu antes dela. O formato como se estabelecem as decisões no Conselho de Segurança - único órgão da ONU capaz de tomar decisões impositivas - conduz a esta absoluta inação. O poder de veto concedido a cinco países ( EUA, Rússia, China, Inglaterra e França ) causa o impasse. Porque tais países estão divididos em blocos diferentes - poderíamos dizer 3 blocos, já que Rússia e China também possuem interesses diversos, sobretudo na Ásia - e cada qual impede qualquer resolução que desagrade países membros de sua zona de influência. Isso vem ocorrendo na guerra da Ucrânia, onde a Rússia impede qualquer ação positiva da ONU. E ocorre agora, onde os Estados Unidos impedem qualquer resolução que desagrade a Israel e sua sanha de vingança.


Ainda assim, a Assembleia Geral da ONU votou por uma trégua humanitária no conflito. A decisão não tem capacidade de obrigar Israel a nada, mas os números da votação ( 120 votos a favor, 14 contra e 45 abstenções ) mostram que o mundo está condenando Israel em sua ofensiva criminosa. Não se trata de justificar o Hamas, como muitas vezes dito. Trata-se de impedir a morte de inocentes. Imaginem a seguinte situação hipotética: você descobre que o assassino do seu filho mora em determinado quarteirão da sua cidade. Para fazer justiça, é justo explodir o quarteirão inteiro? A resposta é realmente simples. Aqueles que falam que Israel vive um dilema moral, realmente não sabem o que falam...


O chanceler israelense pode discursar quanto quiser. Nada justifica as atrocidades que estão sendo cometidas na faixa de Gaza contra a população civil. A grande maioria dos mortos são mulheres e crianças. Os bombardeios não poupam hospitais, templos, escolas ou prédios habitacionais. A população está carente de tudo: comida, água, energia e assistência médica. Agora, a comunicação e a energia elétrica foram cortadas. Há bebês prematuros que necessitam de incubadoras ou de respiração artificial que estão condenados a morte. É de se perguntar ao chanceler israelense: esses bebês e as crianças assassinadas são membros do Hamas?



Imagem de Agência Brasil - EBC.


A resposta óbvia é não. Mas também é óbvio que entre as crianças que sobreviverem a esta chacina, muitos serão recrutados pelo Hamas, já que é sabido que o ódio gera mais ódio. A Israel parece escapar esta simples verdade. Investir na violência significa cavar a própria sepultura, porque o ódio gera mais ódio. Imaginem se um dia estes grupos extremistas tiverem acesso a armas nucleares. Não é uma possibilidade descabida, já que o Irã financia o Hamas.


As palavras do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, não são irrefletitas, tampouco irresponsáveis. Apenas refletem o pensamento acima. Se nada justifica as ações do Hamas, também é certo que as ações de Israel conduzem a este cenário. Afinal, a faixa de Gaza é quase uma prisão a céu aberto. E na Cisjordânia os palestinos são cidadãos de segunda classe oprimidos. Todo esta opressão favorece o surgimento de extremistas, sobretudo quando os grupos extremistas misturam-se à ideias religiosas.


Agora, sem comunicação, o mundo não sabe o que está acontecendo dentro da faixa de Gasa. Mas, pelas explosões noturnas tem-se uma ideia. O avanço do exército israelense por terra, somente agravará a situação. O mundo assiste, apenas. O genocídio armênio é considerado como o segundo maior genocídio da história, já que alguns números apontam para um milhão e oitocentos mil mortos. Na faixa de Gaza vivem mais de 2 milhões de pessoas. Assim, quiçá contemplemos algo impensável: o povo que sofreu o maior genocídio da história, pode cometer o segundo maior genocídio da história. Shalom Aleichem!





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