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Foto do escritorTião Maniqueu

O LEGISLATIVO SE APEQUENA

Os interesses pessoais, a incapacidade de superar ofensas antigas e a falta de visão levaram o Poder Legislativo a tomar uma decisão da qual talvez se arrependa amargamente...




Com a eleição do deputado Arthur Lira para a Presidência da Câmara dos Deputados verificam-se dois efeitos deletérios e interligados: a submissão do Poder Legislativo e a continuidade do aparelhamento do Estado pelo Presidente Jair Bolsonaro.


Em verdade, o Poder Legislativo perdeu uma boa oportunidade de afirmar sua independência, de mostrar que está em linha com os interesses do país, que está distante das práticas que emporcalham a política. Perdeu esta oportunidade e esta perda é resultado da ação/omissão do parlamento como um todo.


O centrão – um grupo significativo de deputados de vários partidos - portou-se como sempre, preocupado exclusivamente com o próprio umbigo. Há meses Bolsonaro vem comprando o apoio deste bloco fisiológico composto por PP, PTB, Republicanos, Solidariedade entre outros partidos, mediante entrega de cargos de terceiro e segundo escalão, até de alguns ministérios, bem como pelo oferecimento de liberações significativas de emendas no orçamento público. É a dita velha política, o toma-lá-dá-cá que Bolsonaro, enganando seus ingênuos eleitores, dizia abominar, jurou não fazer, mas faz. Aliás fazia antes mesmo de ser Presidente, em seus 28 anos como deputado federal, só que do outro lado, no bloco fisiológico do centrão.


Os partidos de centro, centro-esquerda e centro-direita deram provas de profunda desunião, revelando que também em suas fileiras há mais deputados que defendem seus próprios interesses que as preocupações maiores com a democracia e a independência do Poder Legislativo. Assim foi com o DEM e com o PSDB, dois partidos que talvez, no futuro, arrependam-se amargamente do comportamento omisso neste panorama crucial para a democracia brasileira.


A esquerda mostrou sua cara, marcada por cicatrizes de divisão total e da busca do poder pelo poder, posição que vem caracterizando tanto o PT quanto o PSOL. De fato, ante os supremos interesses da nação, que deveriam unir todos homens de bem em torno de um só propósito – impedir o acesso de Jair Bolsonaro a um segundo mandato – mostraram-se egoístas e tacanhos. É impensável qualquer deputado ou senador de esquerda votando em um candidato apoiado por Bolsonaro. Impensável, mas aconteceu.


Todos são culpados no Congresso, portanto. E, com a submissão do Congresso Nacional, cada vez mais o projeto de aparelhamento do Estado pelo clã Bolsonaro segue de vento em popa. Trata-se, claramente, de um projeto autoritário. Qualquer pessoa de bom senso percebe isso. Bolsonaro já domina a PGR, parte do STF e parte da Polícia Federal. E agora as mesas diretoras das duas casas do Congresso Nacional. Parece ser a pá de cal em qualquer possibilidade de impeachment deste Presidente que deu todos motivos para ser afastado, deste Presidente que é uma vergonha e uma afronta a todos homens de bem. O Congresso se apequena e os ataques contra a democracia se agigantam. E não fazemos nada a respeito.

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