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Foto do escritorTião Maniqueu

O ÚLTIMO CABEÇA DURA

Até quando Bolsonaro vai continuar teimando, mesmo depois que líderes do mundo inteiro já se convenceram do óbvio?



O conceito mais comum conferido à palavra óbvio é o seguinte: fácil de descobrir, de ver, de entender; que salta à vista; manifesto, claro, patente. Aparentemente, para Bolsonaro o fácil de entender é difícil, não entra na cabeça.


Mesmo depois que líderes do mundo inteiro adotaram discurso unânime ( ou quase unânime, pois falta o nosso Presidente ) em favor do isolamento social, Bolsonaro continua teimando. Agora, no domingo, saiu às ruas de Brasília com aquele sorriso safado de miliciano que cumpriu ordens, causando aglomerações, tirando selfies com crianças e distribuindo suas pérolas. A mais furadora de tímpanos foi a seguinte: Há uma epidemia, claro que há. E daí? Temo que enfrentar, mas enfrentar como homens, pô! Não como moleques… todo mundo vai morrer um dia…


Quem dá declarações assim inteligentes talvez não possa mesmo entender o óbvio. Afinal, ninguém exigiria de asnos e outros quadrúpedes que percebessem algo que é manifesto, claro, patente. Entretanto, por mais que se comporte como tal, Bolsonaro não tem a justificativa das poucas luzes partilhada pela fauna em geral. O maior problema é quando a ignorância e a burrice aliam-se à arrogância.


Pequim já reconheceu seus erros iniciais; o Primeiro-Ministro espanhol Pedro Sánchez já fez seu mea culpa; o Prefeito de Milão reconheceu diante das câmeras da RAI e de toda Itália que cometeu um erro terrível de avaliação; até mesmo seu guru, Donald Trump, já percebeu que não pode negar a realidade e que as medidas efetivas de combate implicam em severas restrições de convivência social. Mas Bolsonaro permanece firme: burramente arrogante e arrogantemente burro.


Bem sei que a humanidade já apresentou lideranças terríveis. Mesmo aqui, em nosso país, alguns Governadores parecem mirar mais nos dividendos políticos que no bem estar do povo. Mas quando comparamos com um bom líder, por exemplo, Angela Merkel, que em seu discurso ao povo alemão do último dia 18 foi um exemplo de serenidade, determinação, orientação e empatia, impossível não ficar um pouco desesperado com nossa realidade de poder. O biógrafo de Merkel, Stefan Kornelius, disse algo que toca diretamente a nós, pobres brasileiros órfãos de liderança: seu estilo de liderança esteve fora de moda por muito tempo, mas agora é exatamente do que as pessoas precisam. Você quer alguém como ela, que proteja a estabilidade e a maturidade. Alguém que não esteja tuitando a cada quinze minutos”.


Se fosse colocado diante de uma “Escolha de Sofia” e tivesse que escolher entre uma pessoa com poder má e inteligente e uma pessoa com poder má e estúpida, penso que ficaria com a primeira opção. Alguns questionariam: mas o mau inteligente poderá causar danos maiores… Será? Ao menos o mau inteligente não faria nada que não lhe resultasse proveito direto ou que pudesse colocar sua posição em risco ( o que implica, em última instância, cuidar do povo, ainda que por motivos egoístas ).


Pessoas más e estúpidas correm pelo mundo causando desgraças. São as pessoas más e estúpidas que participam de rituais de magia negra, imolando crianças, porque em sua treva intelectual pensam retirar algum benefício do sacrifício inocente. Vide Guaratuba… Quando uma pessoa má e estúpida atinge ( Deus sabe como! ) o poder, torna-se um perigo para toda nação. É indiscutivelmente o caso do nosso Presidente. E se alguém ainda tem a pachorra de dizer candidamente - mas Bolsonaro não é mau - aí vai uma listinha: defende a tortura e as ditaduras; está envolvido com as milícias, um submundo mafioso do crime tupiniquim; mamou 27 anos como deputado federal sem fazer absolutamente nada ( ou quase nada - aprovou apenas dois projetos de lei ); é assumidamente racista ( negros & índios ), misógino e homofóbico; agora defende firmemente que as pessoas vão às ruas e se exponham ao contágio, mesmo ciente de que enfrentamos a pior epidemia do Século, unicamente porque está preocupado com seu futuro político… Está bom ou quer mais?


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