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Foto do escritorTião Maniqueu

PORQUE SOU CONTRA O UBER

Atualizado: 7 de jan. de 2020

Um argumento contrário à hipócrita exceção na regulamentação da empresa de motoristas autônomos.



Deixando claro: não sou contra o Uber, sou contra a hipocrisia na permissividade com o Uber. Afinal, até onde percebo, vivemos numa sociedade totalmente regulamentada. Ou não? Pergunto às autoridades: posso abrir um posto de gasolina ali numa esquina qualquer da Mateus Leme? Posso montar uma banca de revistas na Rua XV? Posso, ao menos, empurrar um carrinho de pipoca em qualquer parque da cidade? A resposta é não. E sabem por quê? Porque vivemos numa sociedade totalmente regulamentada. Assim, não sou contra o Uber, mas contra uma exceção odiosa que se abre para a empresa e seus motoristas autônomos, em franco prejuízo aos taxistas - esta sim, uma atividade totalmente regulamentada.


Pensem comigo se isso não é palhaçada. O cidadão não pode pintar seu carro de laranja, colar uma bandeira de chegada de grande prêmio na porta, ostentar uma lanterna de táxi no capô e sair prestando seus serviços. Nananinanão… prá conseguir a concessão são décadas de fila, que digam os últimos 750 permissionários. Depois disso, são mil vistorias do carro, do motorista e do taxímetro, anualmente renovadas. Quando o taxista finalmente vai às ruas, qualquer deslize há um número da URBS para prestar queixa. Por outro lado, os carros pretos estilosos da Uber não precisam nada disso. Basta acertarem com a empresa e saírem rodando.


E não me venham com argumentos de capitalismo avançado - livre iniciativa, livre concorrência, blá, blá, blá. Repito: se fôssemos uma sociedade desregulamentada, tudo bem. Pensem apenas na ideia: resolvo prestar serviços com um riquixá no centro. Garanto que teria clientes interessados. Quantos dias trabalharia até ser multado e ter minha humilde carrocinha embargada? Não daria uma semana…


Por isso sou contra o Uber. Porque é hipócrita. É desonesto. Mas se permitirem que as vans transitem parando em pontos do transporte coletivo, se qualquer pessoa puder abrir o negócio que quiser onde bem entender e o tiozinho da pipoca possa colocar seu carrinho no São Lourenço sem ninguém incomodá-lo, eu mudo de opinião. E aí talvez me vejam puxando um riquixá em plena Marechal Deodoro.

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