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Foto do escritorTião Maniqueu

POR QUE PRIVATIZAR A COPEL?


Simplesmente não faz sentido.


Imagem: Logo Copel


Não sou, absolutamente, contra privatizações. Determinadas empresas públicas e determinados setores não devem ser objeto da atenção do Estado. Sobretudo empresas deficitárias e setores que não são estratégicos. Mas este, claro, não é o caso da Copel e do setor energético.


Também não partilho da ideia tola e preconcebida de que somente a iniciativa privada é capaz de mostrar eficiência e de que a iniciativa privada é isenta de corrupção. Em cada dez empresas que são formalmente abertas na Junta Comercial, nove fecham no primeiro ano. Só esta informação demole o mito da eficiência. E a corrupção grassa na iniciativa privada, de formas semelhantes ao que ocorre no poder público: suborno, superfaturamento em compras, direcionamento de recursos a favorecidos…


A Copel é uma empresa rentável e eficiente. Este é um fato atestado por números. Seu corpo técnico é capacitado, seu gerenciamento é voltado ao crescimento e ao futuro. E a empresa lida com a geração de energia elétrica, setor que, obviamente, é estratégico e deve ser mantido dentro do poder de direção estatal.


Então, fica a pergunta: porque o governo do Estado do Paraná está buscando a privatização da Copel? O projeto passou em primeira votação numa Assembleia Legislativa definitivamente alinhada ao governo estadual. Estima-se que a privatização atinge cifras insignificantes se comparadas com os lucros da empresa, algo equivalente ao lucro de dois ou três anos. Ou seja, um péssimo negócio.


Por que abrir mão dos milionários dividendos que o governo estadual recebe? Por que deixar de decidir as estratégias de investimento da empresa? O governo estadual não está em crise financeira ou desesperadamente necessitado de recursos para atender outras prioridades. Tampouco pode deixar de reconhecer que energia elétrica, sua geração e distribuição, são temas de interesse público. Abrir mão de tudo isso pela privatização da Copel simplesmente não faz sentido, ao menos não do ponto de vista ético/estratégico.


Nas palavras do deputado oposicionista Tadeu Veneri: “O que me surpreende é que essa medida chega agora alegando que precisa de recursos no caixa. A Copel não precisa disso. A empresa está distribuindo recursos. Quase 1 bilhão. Quem precisa capitalizar não distribui dividendos. O que querem não é nada disso”.

Se nada disso faz sentido, o mínimo que poderíamos esperar é que a Assembleia Legislativa discutisse a questão com mais tempo e responsabilidade. Abrir mão de recursos e de decidir investimentos estratégicos não é matéria para ser tratada leviana. É interessante destacar que, mesmo com expressiva maioria pela privatização ( 38 deputados a favor e 14 contra ), nenhum deputado defendeu na tribuna o processo de privatização. É como se reconhecessem sua própria leviandade. Afinal, o que este silêncio significa... Insegurança? Vergonha?


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