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Foto do escritorTião Maniqueu

REPUBLICANDO: GOVERNO BOLSONARO


O que foi, realmente, o governo de Jair Bolsonaro?


Imagem de: www.slon.pics / Freepik

Dizem que o brasileiro tem memória curta. Agora, na perspectiva de uma eleição presidencial, a falta de memória é problema sério que traz graves consequências. Para refrescar lembranças do que foi a gestão de Jair Bolsonaro, passamos a republicar - todo domingo - comentários sobre este governo.


Assim, você poderá avaliar toda a trajetória deste governo ( ou desgoverno ). Quando outubro chegar, com os fatos recolocados, você pode formar seu julgamento. E se quiser reconduzir Jair Bolsonaro ao poder, é decisão e responsabilidade sua.


Lembramos agora a revelação da escandalosa reunião ministerial de abril/2020. Como dissemos, o brasileiro tem memória curta. Convém lembrar então, o que foi aquela reunião e esperar que o povo brasileiro tenha bom senso.





O VÍDEO BOMBA II - Texto originalmente publicado em 23.05.20


Práticas criminosas, despreparo, grosserias, alucinações e muito mais…



A bomba não explodiu ainda, mas certamente explodirá quando o timer acionado ontem atingir o zero. Na lamentável reunião ministerial de 22 de abril há muitos fatos para comentar; numa manifestação de pura esperança, acredito que estes fatos, conjugados, conduzirão o desgoverno Bolsonaro ao seu fim.


A denúncia de Moro - Somente quem não pensa pode achar que a denúncia de Moro ainda carece de provas. A intervenção está clara na reunião, mas se você juntar o panorama antes/pós reunião ela se torna totalmente iluminada. Vejamos: há depoimentos gravados pelo Presidente em que ele afirma expressamente sua intenção de mudar a superintendência do Rio de Janeiro ( antes ); um dia após a reunião ele convoca o Ministro da Justiça e o pressiona pela mudança da Diretoria-Geral, uma pessoa que vinha exercendo seu cargo sem quaisquer falhas, com o óbvio intuito de mudar a superintendência do Rio de Janeiro. Moro pede que ele não o faça ou que ao menos espere para encontrarem um novo nome que seja consensual, mas o Presidente demite Maurício Valeixo sem o seu conhecimento. Moro entrega o cargo, iniciando a crise. O Presidente tenta nomear Ramagem - seu nome mais próximo e fiel - mas o STF o impede. Nomeia então, às pressas, um Diretor-Geral indicado por Ramagem, cujo primeiro ato é mudar o Superintendente do Rio de Janeiro. Como disse: só não vê quem não quer. As razões para isso já foram apontadas: proteger a si a aos familiares de investigações pela Polícia Federal do Rio de Janeiro.


Pandemia - É estarrecedor, irresponsável, insensível, prova máxima de desgoverno, o fato de que em uma reunião de cúpula de mais de duas horas, quase não se tratou do maior problema do país ( e do mundo ). O enfrentamento à pandemia foi tratado apenas superficialmente pelo Ministro da Saúde Nelson Teich, recém ingressado no governo. Todas as demais referências ao tema foram para insultar autoridades que estão tentando combater a pandemia ou fazer-lhes insanas ameaças de prisão. Ao contrário do que pensa o Ministro da Educação, isto é que choca. Na ocasião da reunião o Brasil tinha em torno de 3.000 mortos. Um mês depois temos mais de 20.000. Quantas dessas mortes podem ser diretamente atribuídas ao comportamento do Presidente?


Mais milícias - Toda pessoa bem informada sabe que o Presidente tem ligações íntimas com as milícias do Rio de Janeiro. São estas ligações e o assassinato de Marielle que o fazem preocupar-se tão profundamente com a Superintendência do Rio de Janeiro. O vídeo, entretanto, escancara seu desejo mais profundo: a formação de milícias armadas entre o povo, incitando o povo à desobediência civil contra autoridades que responsavelmente pregam o isolamento social. Fala isso com a maior cara-de-pau, dizendo que é para combater intenções de ditadura… Certo, Bolsonaro, você não conhece história. Não sabe ainda que um dos primeiro passos rumo à ditadura, seja de direita, seja de esquerda, é a formação de milícias armadas, fiéis às ordens e intuitos do seu líder. Você já tem as milícias do Rio. Agora quer formar milícias populares pelo mundo inteiro. Tal qual ocorreu na Alemanha nazista, Venezuela…


Hipocrisia - Para quem adora amparar-se em citações bíblicas, a hipocrisia cai muito mal, sepulcro caiado. O mesmo homem que prega acabar com o Supremo Tribunal Federal, com o Congresso Nacional e armar milícias, faz discurso tosco contra a ditadura; o mesmo homem que diz defender valores familiares fala mais palavrões que soldado de caserna e prega que os pais escutem os filhos por detrás das portas; o mesmo homem que fala em pátria está entregando seus compatriotas à morte por sufocamento; o mesmo homem que afirma que seu governo não apresenta corrupção, busca esconder desesperadamente seus malfeitos no Rio de Janeiro e busca proteger amigos de investigações policiais.


Demais ministros - Dos maus ministros a reunião nada revela de novo: só a confirmação de sua falta de caráter. Weintraub é o pior Ministro da Educação de todos os tempos e pregou a prisão dos ministros do STF; Ricardo Salles é o pior Ministro do Meio Ambiente de todos os tempos e disse querer aproveitar a distração da pandemia para desregulamentar tudo que proteja o verde neste país; Damaris ( a única mulher na reunião ) parecia uma beata maluca, apontando a presença do demônio e dizendo que irá prender prefeitos e governadores. Damaris disse ainda que estamos diante das maiores violações aos direitos humanos em trinta anos. Então faça suas continhas, ministra. Você acaba de reconhecer que as maiores violações aos direitos humanos ocorreram na ditadura… Dos maus ministros o chanceler foi exceção, pois nada falou, ou o que falou foram agressões censuradas a países estrangeiros. Braga Netto parecia um escudeiro feliz. Paulo Guedes pregou a privatização do Banco do Brasil. E Mourão permaneceu impassível, como uma esfinge…


Palavrões - Bem bip! o Presidente bip! não consegue bip! formular uma sentença bip! sem o adorno bip! de um palavrão. Como sempre disse, Bolsonaro tem apenas uma virtude: autenticidade. Ele é o que prega: autoritário, violento, centralizador, misógino e preconceituoso. Nunca escondeu ou tentou dissimular isso. Também nunca dissimulou seus péssimos modos. Ele é isso: um sujeitinho fuleiro, de péssima formação, inteligência medíocre, educação quase nula, que chegou ao poder. O povo brasileiro votou nele sabendo de tudo isso. Por que ainda se escandalizam com seu procedimento?


Num sumário de tristezas, a reunião foi este desastre. O Presidente não perderá popularidade com seu eleitorado cativo, pois estes acham bonito usar palavrão e fazer bravatas, desde que você misture isso com Deus e pátria. Mas certamente perderá popularidade com aqueles que votaram nele pelo sentimento antiPT. E as consequências, políticas e jurídicas, virão. Pois o timer está ligado.



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