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Foto do escritorTião Maniqueu

RESPONSABILIDADE PELAS MORTES III

Atualizado: 11 de ago. de 2020

Como Pilatos, Bolsonaro lava as mãos e entrega o Brasil ao Calvário...


Imagem deJL GporPixabay


Em agosto o Japão sempre relembra a tragédia de Hiroshima e Nagasaki, com paralisação nacional em silêncio, homenagem aos mortos e o toque do sino cerimonial. A bomba em Hiroshima matou mais de 140.000 pessoas. A de Nagasaki, mais de 74.000. O Brasil ultrapassou a casa dos 100.000 mortos pela COVID-19 neste último sábado. Portanto, em apenas quatro meses, ultrapassamos a tragédia de Nagasaki e nos aproximamos, em passos vorazes, de Hiroshima.


Qualquer pessoa que não recuse o pensamento sabe que o principal responsável pelas mortes no Brasil tem nome. Não, não é o ente público governo federal, burocratizado e sem rosto. É o Presidente do país, Jair Messias Bolsonaro.


Claro, a pandemia é uma tragédia mundial que afetou todos países. Não fosse Bolsonaro no poder ela também chegaria ao Brasil, também causaria dor e luto. Mas as dimensões da tragédia seriam outras. Como já disse antes, impossível calcular quantas pessoas Jair Bolsonaro matou, mas certamente são milhares. Sua responsabilidade está claramente identificada em dois aspectos, que nenhuma pessoa disposta a usar o cérebro atreve-se a negar:


  • Omissão administrativa - Há meses o governo federal não tem um Ministro da Saúde efetivo. O General que ocupa interinamente a pasta é um especialista em logística, não em qualquer aspecto da medicina. Sem uma atuação decidida do Ministério da Saúde o país não tem uma coordenação central contra a pandemia. Entrega, em omissão criminosa, o combate ao coronavírus aos Estados e Municípios. Governadores e Prefeitos, em sua maioria, tentam fazer o melhor possível, mas a ausência da coordenação central traz mensagem ambígua à população, de modo que as medidas nunca são recebidas com o necessário entusiasmo. O mais grave é que o Ministro Luiz Henrique Mandetta estava corretamente fazendo o trabalho, quando foi afastado por Bolsonaro. As entrevistas diárias, a centralização de compras de equipamentos/medicamentos, a elaboração de um protocolo nacional, tudo poderia minorar a crise. Mas, como Pilatos, Bolsonaro lavou as mãos e entregou o Brasil ao Calvário. Sem a voz decidida do Ministro da Saúde, a população não abraça o isolamento, os empresários pressionam os governos estaduais e municipais pela abertura. O platô de mais de mil mortes diárias estende-se como um longo rosário de dor que nunca chega ao fim…


  • Péssimo exemplo - O Presidente não se omite, apenas. Diariamente, rotineiramente, constantemente, dá péssimo exemplo à nação. Seja minimizando a crise, seja recusando-se a usar máscara, seja usando-a de maneira equivocada, seja causando aglomeração e cumprimentando populares, seja condenando Governadores e Prefeitos que buscam lutar contra a doença, o exemplo do Presidente é desastroso. Mais que isso, é devastador, criminoso. Não é possível ter êxito em campanhas públicas de conscientização se o mandatário maior debocha de todos esforços. De nada adiantam os esforços dos meios de comunicação se o povo vê o seu Presidente, a maior autoridade do país, fazendo o contrário do que se prega. Bolsonaro é o maior garoto propaganda do coronavírus. Ao invés de comprar anestésicos indispensáveis ao processo de entubar um paciente na UTI, Bolsonaro preferiu comprar a cloroquina rejeitada pelos Estados Unidos. E brinca com ela todos os dias, oferecendo-a, até mesmo, às emas do Palácio do Planalto. E os esforços das pessoas de bem, assim solapados, nunca terão a eficiência necessária.


Pergunto a qualquer pessoa: há mentira ou leviandade nos dois pontos acima apontados? Não são de conhecimento geral? Somente um seguidor fanático e descerebrado negará a responsabilidade do Presidente. Pessoas negacionistas, que vêem na ecologia apenas uma preocupação da esquerda, que encaram a defesa dos índios como bobagem, que acreditam em teorias da conspiração, em terra plana e assim por diante…


Em qualquer país sério um Presidente com o comportamento de Bolsonaro seria chamado à responsabilidade. E Bolsonaro certamente será: se não por um impeachment, pelas urnas, pela execração em livros de história ou, com muito otimismo, pela responsabilização criminal dos seus atos.


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