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Foto do escritorTião Maniqueu

RESPONSABILIDADE PELAS MORTES IV

Uma análise fria da atuação do governo Bolsonaro na área da saúde. Tão fria quanto a morte que provoca...

Imagem deJL GporPixabay


Descaso, ignorância, inveja, arrogância, imprudência, omissão criminosa, mentiras escandalosas, desperdício... Esta, em síntese, a evolução/involução do governo Bolsonaro no que se refere ao Ministério da Saúde.


Primeiro foi o descaso, fruto da ignorância – Para o Presidente tudo não passava de uma gripezinha, coisa simples, facilmente superável. Em que pese o fato do Presidente jogar no time da COVID-19, ainda assim o Ministro Mandetta buscava cumprir seu papel. Fazia o que se espera de um Ministro da Saúde. Coordenava as ações nacionais, orientava corretamente a população. Bolsonaro atrapalhava: causava aglomerações, dava mau exemplo por não usar máscara ou usá-la inadequadamente, passava mensagens equivocadas às pessoas. Ainda assim, tropegamente, caminhava-se. Provavelmente, se Mandetta ainda ocupasse o Ministério da Saúde, teríamos a centralização das compras necessárias e já aprovado um cronograma de vacinações.


Em seguida a inveja e arrogância – Mandetta brilhava e isso Bolsonaro não suporta. Por isso o Ministro foi afastado. Nelson Teich levou apenas um mês para perceber que era impossível fazer o trabalho correto neste governo. Então Bolsonaro nomeou o General Eduardo Pazuello, sem qualquer conhecimento relacionado à saúde, mas, teoricamente, com grande domínio de logística. Na prática, o combate à pandemia pelo governo federal, parou.


Então vieram a imprudência, a omissão criminosa e as mentiras escandalosas – O governo Bolsonaro passou a transferir a Estados e Municípios toda a responsabilidade pelo combate à pandemia. Simplesmente omitiu-se. As consequências da ausência de uma política nacional de combate à pandemia se fizeram sentir. Provavelmente atingiremos o número de 200 mil mortos no começo do ano que vem, se não ainda neste. Quando visualizou o potencial eleitoral das vacinas – afinal, em última instância, é a solução de todo problema – finalmente Bolsonaro começou a negociar com grandes empresas da área farmacêutica. Mas não deixou de atacar projetos paralelos, como o do governo do Estado de São Paulo, sob coordenação do Instituto Butantã, mentindo descaradamente nas redes sociais acerca da vacina chinesa. Tais ataques são sabida e tão somente motivados por interesses eleitoreiros.


Agora, o último passo desta desastrosa atuação na área da saúde. Mais de 6 milhões de testes para detectar coronavirus estão em um depósito. Alguns já vencidos, outros próximos a vencer. Um investimento de R$ 290 milhões jogados no lixo. Diante do escândalo, o Ministro Pazuello, supostamente especialista em logística, buscou e obteve uma declaração da empresa sul coreana que forneceu os testes, no sentido de que a validade pode ser expandida. Agora precisa do aval da Anvisa. Se tiver sucesso nesta medida insólita, será uma desesperada corrida para testar antes que o teste vença, simplesmente para não responder criminal e administrativamente por tamanha incompetência. Pouco importa. Seguramente, se estes testes tivessem sido feito antes, milhares de pessoas ficariam em isolamento e o desenvolvimento da doença seria bem menor.


Fico pensando como o Presidente Bolsonaro consegue dormir. Afinal, 200 mil mortes na consciência é um peso e tanto para lançar sobre o travesseiro e esperar um sono tranquilo. Não é possível que não se perceba como principal responsável por toda esta tragédia. Ou será que, a exemplo do que fala e arrota, não está nem aí para este verdadeiro genocídio?

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