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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

THE OFFICE


A série cômica mais trágica que existe...


Imagem de Prime Video


Não sei vocês, mas eu costumo seguir várias séries ao mesmo tempo. O objetivo é variar, evitar a fadiga do material e, portanto, quanto mais variadas as temáticas melhor. Uma série histórica, uma policial e uma sci-fi. Perfeito. Uma série de aventuras, uma de relações familiares e um anime. Ótima fórmula. Mas é sempre indispensável ter uma série cômica no seu acervo. Para aqueles dias em que você está farto de tudo e quer apenas dar risadas de alguma bobagem qualquer.


Numa dessas buscas por uma nova série cômica, encontrei uma série algo antiga e experimentei o episódio piloto de The Office. Detestei. Achei tudo de uma estupidez absoluta. E considerei a atuação de Steve Carrel - que faz o protagonista Michael Scott - caricata, forçada, patética, sem graça. Ou seja. abandonei a série já no primeiro episódio.


Mas o problema é que não encontrei outra. Então pensei comigo mesmo, mas que diabos, às vezes a primeira impressão é falsa. Resolvi dar uma segunda chance à série. A opinião não melhorou muito, mas não abandonei mais.


Tudo se passa numa filial pequena de uma empresa norte-americana cujo produto é papel. Steve Carrel faz um personagem realmente irritante, mas já não julgo sua atuação caricata, tampouco patética. É o que o papel exige e ele faz muito bem. Os demais personagens são todos caricatos: a chefe do chefe ( Jan ), o segundo devotado do chefe ( Dwight ), o veterano enfastiado ( Stanley ), o gay simpático ( Oscar ), a puritana ( Ângela ) a devassa ( Meredith ), o estagiário ambicioso ( Ryan ) e assim por diante. Apenas o casal romântico da série ( Pam e Jim ) não é caricato. Eles cumprem o papel de ligar todos episódios da série numa narrativa única. E funcionam maravilhosamente como casal. Você torce por eles desde o início e acompanha a evolução da relação.


Estou na quarta temporada e ainda não decidi se gosto ou não da série. Mas fato é que, com alguma insistência, ela acaba pegando você. Claro, há episódios engraçados, afinal esse é o propósito da série. Ao mesmo tempo, entretanto, a série é extremamente perturbadora. Não apenas pelo comportamento totalmente inadequado dos personagens, mas porque, incrivelmente, você acaba se compadecendo deles. São caricaturas, é verdade, mas dolorosamente reais...


The Office é, sem dúvida, a série cômica mais trágica que já foi feita. Tomem o episódio Dinner Party ( 4ª temporada ) como exemplo. Nada no episódio é engraçado. É pura tragédia interpessoal, um casal implodindo seu relacionamento e, mesmo sendo caricaturas, elas sangram. Você sente a dor dos personagens e o desconforto dos convidados. E certamente não é engraçado.


Trata-se, talvez, de uma série a ser estudada. Perscrutar o que passou pela cabeça dos roteiristas, que objetivos nortearam o texto e a formação dos personagens. Qual o propósito de haver uma onipresente equipe de vídeo cobrindo todas ações dos personagens, jamais revelada mas sempre presente, a quem os personagens estão constantemente fazendo confidências? Bem, aqui podemos facilmente especular o objetivo: a dita equipe de cobertura fantasma é a maneira dos personagens interagirem com o público, tornarem-se próximos aos expectadores. Os personagens se abrem e se aproximam do público. Inteligente.


Para ter uma opinião definitiva sobre The Office será necessário encerrar a série. Ainda não sei se gosto ou não gosto, se é uma comédia ou um drama contemporâneo, tampouco sei onde isso vai dar. Mas é diferente, sem dúvida. E, com alguma insistência, acaba pegando você.



The Office - Sitcom, 2005 - 9 temporadas

Gênero: comédia?

Adjetivos: diferente, perturbador, eventualmente engraçado.

Nota: ainda sem nota


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