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Foto do escritorTião Maniqueu

UMA HISTÓRIA MUITO MAL CONTADA

Como o envolvimento do clã Bolsonaro com as milícias pode levar o Presidente a mudar totalmente seu discurso.

O episódio da morte do ex Capitão do BOPE Adriano Magalhães da Nóbrega pela Polícia Militar da Bahia é daqueles fatos que conduzem o clã Bolsonaro à mais escandalosa contradição. Adriano era fugitivo da polícia com várias condenações, quando foi finalmente localizado num sítio no interior do estado. Cercado pela Polícia Militar, reagiu e foi morto.


Até aí nada de mais. Outra cena de violência no Brasil. O que realmente chama atenção e levanta todos sinais de acentuação ??!!? é a reação do clã Bolsonaro, em especial do Presidente da República. Bolsonaro - quem diria - condenou a ação da polícia, que classificou de abusiva e desnecessária. Segundo ele, o certo seria estabelecer um cerco e negociar??!! Não parou por aí: Bolsonaro acusou a Polícia de torturar ??! o miliciano fugitivo e levantou antecipadas suspeitas sobre a perícia que será feita em treze telefones celulares apreendidos com o morto !!? dizendo: vá lá que plantam alguma coisa lá...


Ora, ora. É justo que as pessoas se espantem. Afinal, Bolsonaro não defende as polícias acima de tudo? Não prega o atira antes, pergunta depois? Alguma vez o Presidente se preocupou com torturas? Será que passou a se preocupar com direitos humanos? E esta estapafúrdia colocação acerca da perícia? Qual o sentido disso?


Não cidadão brasileiro. O Presidente não passou a defender os direitos civis do cidadão ou as garantias dos delinquentes. Ele está preocupado especificamente com este bandido. E por quê? Porque se trata de figurinha carimbada nas relações do clã Bolsonaro. Participou da rachadinha no gabinete do Flávio, viu parentes nomeados no mesmo gabinete. Adriano recebeu honrarias da parte do clã Bolsonaro, segundo o Presidente porque era um herói. E a face mais negra: Adriano era chefe de milícia.


Vamos simplesmente falar a verdade: milícias são máfias brasileiras. São talvez o lado mais obscuro de nosso país na atualidade. Exploram comunidades carentes nas periferias de grande cidades, vendendo segurança, impondo serviços ilegais como entrega de gás, sinais de TV a cabo, até gatos de energia. São extremamente violentas, impondo-se pelo medo ante a comunidade e silenciando aqueles que os enfrentam. Marielle e seu motorista foram vítimas deste tipo de canalhas…


E é com este tipo de máfia que o Clã Bolsonaro está claramente envolvido. Constrangedoramente envolvido. Para este tipo de marginal o Presidente prega direitos humanos; clama por uma ação moderada da polícia; escandaliza-se com tortura; levanta suspeitas sobre uma perícia que sequer ocorreu ainda.


Mas que diabos! Por que alguém que não tem nada com um miliciano morto preocupa-se antecipadamente com a perícia que será feita nos seus celulares apreendidos? Preocupa-se ao ponto de levantar suspeitas de fraude… Por mais que eu pense, só vejo uma resposta: porque está envolvido. Simples assim. Como está envolvido no caso Marielle. Do contrário, porque eliminaria os registros do seu próprio condomínio? O Presidente justificou o ato com desculpa semelhante - evitar que plantem qualquer coisa lá. Onde fica o ditado - quem não deve, não teme?


Este fato - o sumiço dos registros do condomínio - foi, de longe, o fato mais grave do governo Bolsonaro até aqui, pois se trata de adulteração de provas e obstrução de justiça. Algo que nosso Ministério Público deveria apreciar mais atentamente, mas tem se omitido vergonhosamente.

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