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VAMOS BRASIL!


A Copa do Mundo de Futebol feminino é um espetáculo.


Imagem de Olympics.com

Estou acompanhando as dificuldades da seleção brasileira em sua segunda partida na Copa do Mundo - no momento 5 minutos do segundo tempo, 1 x 0 para a França - e algumas reflexões me ocorrem. A primeira delas é a constatação da incrível evolução do futebol feminino. Há 20 anos atrás, o interesse pelo futebol feminino era pequeno, sobretudo porque se praticava um protofutebol: pouca compreensão de jogo coletivo, baixa habilidade individual das jogadoras, forma física precária e, sobretudo, quase nenhuma disciplina tática. Hoje isso mudou, ao ponto do futebol feminino ser um espetáculo digno de ser visto pelo mais rigoroso admirador do esporte bretão. Como que para confirmar isso o Brasil acaba de empatar o jogo aos 10 minutos do segundo tempo. Vibro como todo bom torcedor.


A segunda linha de reflexão refere-se ao espetáculo em si. A Copa do Mundo de Futebol Feminino atingiu a maturidade dos grandes espetáculos mundiais, merecendo destaque nos noticiários do mundo inteiro, transmissão ao vivo, equipes de alto nível na cobertura. Estou vendo na Globo com a competente locução de Luiz Roberto e os bons comentários de Ana Thais Matos. O melhor, contudo, é o luxuoso comentário de Caio Ribeiro, o melhor dos comentaristas boleiros. Caio foi um excelente centroavante, entende de futebol e se expressa muito bem. É um prazer ouvi-lo.


Finalmente, penso no desempenho da seleção brasileira. Primeiro, o que é evidente: é impressionante o nível de entrega física das nossas meninas ( diga-se o mesmo das francesas ). Está claro que o preparo físico não é problema, pois as atletas correm os noventa minutos numa intensidade que não se vê entre os homens, exceto em raras partidas decisivas. Segundo, a disposição tática é clara. As meninas conhecem suas funções, respeitam posicionamento, pensam coletivamente. Sim, ainda se vê uma ou outra jogada infantil, erros de passe, um lance em que a individualidade foi nociva, coisas assim. Mas isso ocorre também no futebol masculino. É do calor da disputa. Terceiro: finalmente temos goleira. Letícia ( Lelê ) é uma boa goleira, passa segurança para a equipe. Isso é importantíssimo, porque a defesa do arco sempre foi a posição mais deficiente do futebol feminino. Antigamente era comum as goleiras levarem gols lá do meio da rua, simplesmente por falta de altura, impulsão ou mau posicionamento. Aparentemente estamos superando também estas deficiências do futebol feminino. A goleira francesa também passa segurança. Para terminar, um comando confiável e experiente. Pia Sundhage foi uma escolha certeira. Esta sueca de 63 anos tem em seu currículo o bicampetonato olímplico pela seleção norte-americana e já foi eleita a melhor treinadora do mundo. É vital que as atletas respeitem quem está no comando. Se alguém pode tirar o máximo deste time é ela.


Agora ocorre o segundo gol da França. Gol de cabeça em escanteio. A zagueira Renard avança por trás, ninguém cobre a melhor cabeceadora da França e ela finaliza sem chances para Lelê. Esta derrota é dura para a seleção brasileira, mas ocorre naquela fase em que ainda se pode perder. Há derrotas que podem ser pedagógicas e até estimulantes. Penso que a seleção brasileira tem tudo para se classificar com um sucesso no jogo da próxima quarta-feira, contra a Jamaica. Mas não será fácil, pois as jamaicanas empataram com a França na estreia.


Marta entra agora, aos 83 minutos de jogo. Ela que já foi seguidamente escolhida a melhor jogadora do mundo está no crepúsculo da carreira. Ainda tem habilidade suficiente para decidir a partida em um lance individual. Pia deve estar apostando nisso. Não deu... França 2 x 1 Brasil. Não tem problema meninas. O show vai continuar e vocês nos representam muito bem.

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