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Foto do escritorTião Maniqueu

VEXAME INTERNACIONAL

Novamente Bolsonaro envergonha o Brasil e os brasileiros.





Alguns pensam que a humanidade nunca evolui. Outros acreditam que evolui, mas em um processo de ciclos, alternando bons e maus períodos. Eu não tenho posição firme a respeito, mas quando vejo os trabalhos da ONU serem abertos por Jair Bolsonaro, seguido dos discursos de Trump, Erdogan e Xi Jinping, penso que, no mínimo, estamos atravessando um péssimo período.


O Presidente do Brasil, como é a tradição, abriu a 75ª Assembleia Geral da ONU. Em função da pandemia, proferiu um discurso virtual para uma audiência majoritariamente virtual. E, afinal, fez o que se esperava dele: envergonhou a nação. A fórmula é sempre a mesma, negacionismo, ufanismo vazio e subserviência a Donald Trump. Tudo isso em sua péssima retórica de orador com língua presa.


Ok, está bem… não é porque ele fala mal. Muitos Presidentes brasileiros foram oradores fraquíssimos. Para citar alguns, ficamos com Sarney, Itamar, Lula e Dilma, ainda que Lula, ao menos, soubesse fazer um discurso adequado para as massas. Bolsonaro é péssimo, convenhamos, mas poderíamos suportar mais um Presidente que fala mal. O problema é o conteúdo…


Para quem não viu, faço um resumo do show de horrores. É interessante dizer que ele iniciou afirmando que o mundo necessita da verdade para superar seus desafios. E a partir daí proferiu inúmeras mentiras. Se Bolsonaro fosse Pinóquio seu nariz teria batido na câmera. Seguem alguns exemplos:


Em meu país, por decisão judicial, o combate à pandemia ficou por conta dos 27 Governadores de estado, cabendo a nós a distribuição de recursos. - Mentira: aos Governadores, assim como Prefeitos, coube a decisão sobre as restrições impostas à população por conta da pandemia. A coordenação geral do combate à pandemia deveria ter sido exercida pela União, algo que o Ministério da Saúde fez enquanto teve Mandetta no comando. À União caberia a distribuição de recursos ( o que fez pobremente ) e a coordenação de compras e números ( o que não fez ). Ao Presidente pessoalmente caberia dar exemplo e consolo à população, o que Bolsonaro jamais fez. Novamente, ele tenta eximir-se da responsabilidade, com objetivos nitidamente eleitorais.


Estimulei, ouvindo os profissionais de saúde, o combate precoce à doença. - Mentira - O que Bolsonaro menos fez na pandemia foi ouvir os profissionais de saúde. Se tivesse ouvido daria exemplo pelo uso de máscara e pelo incentivo ao isolamento social. Se tivesse ouvido, não teria gasto milhões com cloroquina.


Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação. - Meia verdade - Não há desinformação na condenação internacional às políticas ambientais do Brasil; mas os brasileiros são vítimas de desinformação oficial, aquela que parte do próprio Palácio do Planalto.


Os incêndios só se dão em áreas já desmatadas. Mentira - Está mais do que demonstrado, inclusive por imagens de satélite do INPE - um instituto federal, que os incêndios atingem áreas de preservação permanente, inclusive reservas ambientais.


Mantenho minha política de tolerância zero com os crimes ambientais. - Mentira - Tudo que o governo Bolsonaro fez até aqui foi justamente no sentido contrário. Sucateou os órgãos de proteção ambiental, estimulou o crime ambiental mediante discursos e mediante perdão de multas, demitiu funcionários que tentaram fazer corretamente seu trabalho.


Acusou a Venezuela pelo derramamento de óleo no litoral brasileiro em 2019 - Potencial mentira - Embora haja suspeitas de que o derramamento partiu de um navio venezuelano, nada foi comprovado.


Continuamos trabalhando pela liberdade democrática. - Mentira escandalosa - Desde o golpe militar de 64, nunca um governo representou tanto uma real ameaça à democracia.


Ao final, como não poderia faltar a um bom sabujo, fez reverência ao seu ídolo maior, o Presidente norte-americano. Continua se iludindo com a prometida inclusão do Brasil na OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, mesmo já tendo sido preterido pela Argentina; e saudou enfaticamente o plano de paz de Donald Trump, o que conduziu seu discurso a uma mentira final.


Pobre Brasil...



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